A VEJA NÃO INFORMA, MAS É MUITO BEM INFORMADA. MARINA
ESTÁ MINGUANDO RÁPIDO
por Fernando Brito
A melhor notícia que a campanha de Dilma
Rousseff poderia receber hoje é a capa da revista Veja.
A Veja, como se
sabe, é uma revista muito bem informada, até porque para manipular a informação
é necessário tê-la.
Como dizia a minha avó, ali não se prega
prego sem estopa.
Tudo o que eu, você e o distinto público em
geral sabemos sobre pesquisa não é nada perto do arsenal de números de que
dispõe a Veja.
Por isso é que a revista, como a gente fazia
na oficina dos jornais de antigamente – hoje os computadores acabaram com essa
graça – deve ser lida “de cabeça para baixo”.
No caso das gráficas, era um truque para não
desviar, com a leitura, a visão que deveria perceber erros no registro das
cores de impressão.
No caso da Veja, exatamente o contrário: não
deixar que as cores e a riqueza gráfica nos afaste da leitura do conteúdo.
Onde se lê “resiste”, o que está escrito é
“não está resistindo”.
Porque Marina é um pacote muito bem
embrulhado para presente que, entretanto, vai decepcionando à medida em que a
campanha eleitoral o vai abrindo.
Na classe média, este processo começou
quando, de dentro dele, saltou um vociferante Silas Malafaia.
E no povão, quando ela abandonou a relativa
prudência com que Eduardo Campos atacava o Governo (embora flertasse com muito
menos pudores com a direita) e passou (ou aceitou) ao combate contra
Dilma e, por tabela, Lula.
Entrou em choque com seus próprios eleitores
na classe C – onde ainda perdeu menos, mas onde agora evolui mais fortemente
sua perda – que não tem deles uma visão demonizada, como na classe média alta
com a qual Marina passou a conviver e flertar.
Apostou no “antipetismo”, o que restringe seu
campo, como o udenismo restringiu-se ao se tornar o “antivarguismo”.
A capa de Veja é só parte do processo
de mutualismo defensivo que a direita e um vago “marinismo” vivem neste
momento.
É, porém, inócua, exceto no que pode confundir
a candidatura petista – e como o petismo é confuso nisso! – e fazê-la recuar de
um enfrentamento agudo como é necessário.
Deve servir, ao contrário, para um esforço
para explorar os erros cometidos pela oposição, sobre os quais o petismo não
tem quase responsabilidade alguma, até porque, há tempos – e o pífio desempenho
das candidaturas do PT nos principais estados, exceto Minas, prova isso – o
petismo não tem mais trator algum.
O que o PT tem é, sim, um difuso mas poderoso
sentimento de país que foi abandonando a órbita colonial onde suas elites
sempre o mantiveram.
O xeque a Marina veio dos erros de seus
próprios movimentos: o furioso ultimato antigay malafáico, que evidenciou o
fundamentalismo religioso, e a indecorosa e explícita conversão ao
liberalismo econômico que lhe deram a face de um “PSDB 2.0″, rematado com
o esdrúxulo abandono do pré-sal, do qual ela agora tenta se livrar tardiamente.
A estes erros, somaram-se os que a direita
cometeu, ao escolher de início um candidato pífio como Aécio Neves e
abandoná-lo assim que surgiu sua “esperança verde”.
É o mais inequívoco sinal de que o “perigo”,
agora, passou a ser sua vitória no primeiro turno.
TIJOLAÇO 13 de setembro de 2014 às 11:31
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 14.09.2014 06h01m
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