Florianópolis, 23 setembro. Marina Silva, em estado
de felicidade, de mãos dadas com a família Bornhausen. Ela pediu votos para
Bornhausen (filho), candidato a senador que, hoje, pasmem, é o presidente do
PSB em Santa Catarina. Em 2005, Bornhausen (pai), arrogantemente, expressou o
ódio das alas mais conservadoras das classes dominantes ao ex-presidente Lula,
ao PT, à esquerda: “Estaremos livres dessa raça por 30 anos”, sentenciou.
Por Adalberto Monteiro*
Jorge Bornhausen foi governador biônico de Santa Catarina na época da ditadura militar. Ex-Arena foi um dos fundadores do PFL, legenda da qual também foi presidente. Em decadência, tal e qual a família Sarney no Maranhão, os Bornhausen buscam de modo desesperado uma sobrevida no cenário político. Agarram-se na candidatura de Paulo Bornhausen ao Senado federal que, pelas últimas pesquisas, se encontra em empate técnico com Dário Berger, do PMDB.
Diante desta escancarada contradição com sua propalada “nova política”, Marina ainda tenta tapar o sol com a peneira. Ela, se referindo ao sobrenome de Paulo, advoga que “uma pessoa, por ter laço de parentesco, (não) deve ser punida ideologicamente por isto.” E arremata: “ele (Paulo) tem um posicionamento com a agenda que nós defendemos.”
Marina tenta erguer uma cordilheira entre o pai e o filho. Semeia desavença no seio dessa tradicional família catarinense. Mas essa desavença não existe. Em recente entrevista à imprensa de Santa Catarina, Paulo Bornhausen assim se refere a JKB, Jorge Konder Bornhausen, seu pai: “O papel de meu pai é o mais importante para mim nesta campanha: é o papel de pai, amigo e conselheiro nessa jornada desafiadora.”
Ontem, como hoje, os Bornhausen se mantêm na trincheira onde sempre estiveram. No passado, servindo à ditadura militar; no presente, engrossando as fileiras da oposição conservadora que a qualquer custo busca reaver o governo federal. No âmbito dessa oposição, a dita família pertence àquela ala mais furiosa, mais retrógrada, apesar das mutações por que passou. Permanecem coerentes com o sobrenome e a trajetória de linha de frente do campo político reacionário.
O mesmo não se pode dizer de Marina. Fez a travessia. Foi para a outra margem: antagônica às suas origens. Traiçoeiramente se faz instrumento daqueles que querem livrar o país da “raça” à qual um dia ela pertenceu.
*Adalberto Monteiro é presidente da Fundação Maurício Grabois e editor da revista Princípios
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