A FUNDAÇÃO ESTRANGEIRA
QUE FINANCIOU MARINA
por Miguel do Rosário
Não queria botar mais lenha nessa fogueira, mas não
posso esconder uma coisa dessas dos leitores.
Quero deixar claro que não acredito e não quero
acreditar em nenhuma teoria da conspiração. Blogueiros são paranoicos por
natureza, mas sou também jornalista e como tal tenho obrigação de não acreditar
em teorias de conspiração.
Oxalá seja apenas uma teoria idiota, que aliás nem
é exatamente uma teoria, mas um apanhado de coincidências perturbadoras.
Meu lado blogueiro, porém, me força a, pelo menos,
publicar o que andei fuçando por aí.
No mínimo, isso dá um belo roteiro de thriller
político. Verossimilhança e histórico de fatos similares ocorridos no
passado, não faltam.
Uma reportagem da Reuters publicada no início de agosto
revelou que um prestigiado hacker espanhol descobriu uma brecha gravíssima
no sistema de segurança de aviões de passageiros. Ele afirmou que é possível
invadir sistemas de navegação de aviões e jatinhos e manipular os dados de
satélite enviados ao piloto.
E com isso, interferir no vôo e, portanto, provocar
acidentes.
É impossível não relacionar isso ao acidente que
vitimou Eduardo Campos, mudando completamente o quadro eleitoral no Brasil.
A morte de Campos, num acidente ainda inexplicado,
tem suscitado febris teorias de conspiração. No site Strategic Culture, há dois
autores que acreditam em participação da CIA e de especuladores internacionais:
o Wayne Madsen e o Nil Nikandrov.
Os motivos que levaram esses autores a desconfiar
de um atentado são mais ou menos óbvios:
1 – Prejudicou imensamente o favoritismo de Dilma
Rousseff, presidente com grande popularidade entre os pobres no Brasil, mas
odiada pelo mercado financeiro, sobretudo após a paulada que deu nos juros no
segundo ano de seu governo. O aumento do controle governamental sobre a
energia, tanto a hidroelétrica quanto o pré-sal também devem incomodar a banca
especulativa internacional.
2 – Marina Silva, por sua vez, acena com a independência
formal do Banco Central, e sua assessoria econômica é formada por neoliberais
de quatro costados. Andre “Haras” Rezende, por exemplo, largou seus iates e
cavalos de raça no exterior e veio ao Brasil prestar serviços à Marina. Segundo
eles, Marina Silva seria uma “marionete” de George Soros.
Um leitor me advertiu sobre outra coisa.
A imprensa deu destaque à doação de Neca Setúbal de
R$ 1 milhão ao Instituto Marina, que correspondeu a 83% do total recebido pela
ONG da candidata.
Mas não falou nada sobre a “Fundação Porticus”, que
deu os outros 17%.
A Porticus é uma fundação financiada e até hoje controlada
de perto pela família Brenninkmeyer, bilionários de origem holandesa e alemã,
donos da C&A.
Os Brenninkmeyers são conhecidos na Europa por sua
reserva. Não dão entrevistas, não são vistos em público, seus diretores são
obrigados a assinar rígidos contratos de confidencialidade.
O jornal britânico Telegraph publicou matéria, há alguns anos, sobre a família. O título:
“Secretive dynasty with ruthless streak”, uma dinastia cheia de segredos e de
temperamento implacável. A tradução é livre. Ruthless pode ser também “cruel”,
“impiedoso”.
Em 2006, uma matéria no
Brasil de Fato denunciava que as lojas da C&A vendiam roupas produzidas em
condições degradantes para os trabalhadores.
Há toda uma polêmica ainda, na Europa, sobre as notórias alianças entre os Brenninkmeyers e o nazismo. A
empresa experimentou um período de expansão e consolidação na Alemanha, seu
principal mercado, justamente durante os anos de ascensão do nazismo no país.
A família participa do Clube 1001,
que financia organizações ambientais pelo mundo, como a WWF, e seus membros são
relacionados na parte “controversa”, justamente por causa de suas atividades
políticas.
Segundo a revista Private Eye, o Clube 1001 tem
como real objetivo ser uma plataforma para “encontrar casualmente lideranças do
terceiro mundo que controlam uma parte substancial dos recursos naturais do
planeta”.
A revista então lista uma série de operações políticas, várias delas secretas, que envolvem o
Clube ou a WWF.
Os Brenninkmeyers, ultracatólicos, também são
importantes financiadores do Opus Dei e membros da família participam da cúpula da poderosa organização católica
norte-americana National Leadership Roundtable on Church Management.
Adivinha quem também participa da diretoria dessa
organização?
Segurem a respiração! Leon Panetta,
diretor-geral da CIA entre 2009 e 2011, e secretário de Defesa dos EUA, de 2011
a 2013.
Essa organização católica foi criada por Geoffrey Boisi, importante financista norte-americano, que se
tornou o sócio mais jovem da Goldman Sachs a partir de 1978, e fundador da The
Beacon Group, LLC, uma investidora e consultoria financeira de contas
bilionárias; foi também diretor e sócio do Morgan Chase e do J.P. Morgan.
Boisi foi membro em 2001, junto com George Soros, do setor
norte-americano de uma organização intitulada Trilateral Comission, que
reúne a elite política e financeira dos três maiores blocos de países
desenvolvidos do mundo capitalista: EUA, Europa e Japão. O objetivo declarado
da Trilateral é manter a ordem internacional sob seu controle e orientação.
É ou não uma boa teoria de conspiração?
O CAFEZINHO 19 de setembro de 2014
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 19.09.2014 14h06m
Nenhum comentário:
Postar um comentário