A PROPOSTA DA DILMA É MAIS EMPREGO E RENDA, A
DOS OUTROS É O DESEMPREGO
Marina fala em atualizar as regras para ajudar
na geração de empregos. O que isso significa? Quando os empresários falam isso
eles são claros: querem diminuir direitos e ampliar lucros. Nada mais que isso
por Vagner Freitas
O mundo do
trabalho é praticamente ignorado pela candidata do PSB à sucessão presidencial,
Marina Silva. Até agora, pouco se sabe sobre suas propostas para assuntos
fundamentais para a classe trabalhadora, como: geração de emprego decente,
combate à rotatividade e as condições de trabalho análogas à escravidão,
direito á negociação coletiva no serviço público e outros temas de interesse da
classe trabalhadora.
E o que já foi divulgado sobre o que a candidata pensa é
extremamente preocupante. Afinal, estamos falando de um universo de 101 milhões
de brasileiros e brasileiras aptos ao trabalho - como os economistas definem a
população economicamente ativa (PEA). Deste total, 94,7 milhões trabalham e
6,26 estão desempregadas. Dos que estão trabalhando, praticamente metade são
formais. É importante lembrar que 93% deste universo é formado por mulheres e a
maioria é negra.
O que foi divulgado sobre as propostas de Marina para
esse enorme contingente é tão genérico que não dá para analisar. É o caso das
alterações que ela quer fazer na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); ou a
clara ameaça para a classe trabalhadora, como é o caso da proposta de
regulamentação da terceirização.
É claro que ela pode voltar atrás, dizer que estão
distorcendo o que ela diz ou escreve, apontar o dedo, me acusar de perseguição.
Faz parte do jogo. O fato concreto é que estamos nos baseando apenas no que ela
diz para empresários - com representantes dos/as trabalhadores/as ela não fala
-, ou no que está escrito em seu programa de governo.
Sobre os "ajustes" na CLT, o programa da
candidata socialista é vago. Diz apenas que é preciso haver
"mudanças". Esta semana, em São Paulo, Marina falou para empresários
que fará uma "atualização" da legislação trabalhista, caso seja
eleita. Como sempre, evitou detalhar quais seriam as alterações, mas se
antecipou as críticas dos representantes dos/as trabalhadores/as dizendo que
não seria uma "flexibilização" das regras.
É inacreditável que uma candidata a presidente fale em
mudar uma Lei que afeta mais de 100 milhões de trabalhadores/as e não explique
o que pretende mudar. Pior é a resposta que Marina deu quando questionada:
"Ainda não temos resposta, esse assunto é muito complexo".
Já a terceirização é um dos poucos temas de nosso
interesse tratado no programa de governo da candidata em mais de uma linha
genérica. E a notícia não é nada boa. Marina defende a terceirização usando os
mesmos argumentos dos patrões. Vejam o que está escrito lá: "a
terceirização leva a maior especialização produtiva, a maior divisão do
trabalho e, consequentemente, a maior produtividade das empresas. Com isso, o
próprio crescimento do setor de serviços seria um motor do crescimento do PIB
per capita".
Distante do mundo do trabalho há muito tempo, Marina não
conhece a realidade dos/as trabalhadores/as, não sabe que terceirização
precariza a mão de obra, deteriora as condições de trabalho, aumenta as
jornadas, reduz os salários, coloca em risco a saúde e a vida dos
trabalhadores. Matéria da Carta Capital desta semana tem um dado que a
candidata deveria conhecer: na construção civil, 55,5% dos óbitos foram de
terceirizados em 2013. Outro dado importante: o terceirizado está mais sujeito
a violação de direitos trabalhistas e ao trabalhado análogo à escravidão.
O que queremos saber é: como Marina pretende mudar a CLT
ou "regulamentar" a terceirização sem tirar direitos dos/as
trabalhadores/as? Ela fala em atualizar as regras para ajudar na geração de
empregos. O que isso significa? Quando os empresários falam isso eles são
claros: querem diminuir direitos e ampliar lucros. Nada mais que isso.
No Brasil, nunca ouvimos ninguém falar em reformar a CLT
para beneficiar os/as trabalhadores/as. FHC é um exemplo disso. Ele tinha um
projeto de "atualização" da CLT que representava, de fato, a total
desregulamentação do mercado de trabalho e tirava direitos conquistamos depois
de muita luta, pressão de mobilização. É isso que Marina está dizendo?
Há dezoito dias da eleição, a única certeza que temos
sobre Marina é que ela não tem compromisso com a classe trabalhadora. E os
aliados da candidata, tanto parlamentares quanto banqueiros, empresários e,
principalmente, seus colaboradores e assessores, são absolutamente hostis aos
direitos dos trabalhadores. Para eles, flexibilizar é modernizar a legislação.
Para nós, é retirar direitos conquistados ao longo da história e ampliados nos
últimos doze anos.
A única certeza que temos é a de que a não reeleição da
presidenta Dilma Rousseff seria um enorme retrocesso para os/as
trabalhadores/as. Dilma é a única candidata que tem propostas concretas para
melhorar a vida da sociedade.
Defendemos e vamos reeleger o projeto democrático e
popular representado por Dilma porque uma mudança agora coloca em risco tudo
que foi feito nos últimos anos, quando, apesar da crise econômica
internacional, foram gerados mais de 20 milhões de empregos – atingimos, pela
primeira vez, o menor índice de desemprego já registrado no Brasil -, o salário
mínimo subiu 73% acima da inflação e os demais salários 85%. Apesar das
pressões Dilma e Lula não retiraram direitos trabalhistas, muito pelo
contrário, garantiram direitos para quem não tinha como as trabalhadoras
domésticas.
Defendemos e vamos reeleger Dilma porque, depois de
incluir, formalizar e melhorar salário, ela é a única capaz de enfrentar com
sucesso o desafio de consolidar o desenvolvimento econômico e social, com
distribuição de renda e trabalho decente. Estamos falando em gerar mais e
melhores empregos, incluir mais pessoas no mercado de consumo. Isso abrirá
novas possibilidades, e avanços para o trabalhador já inserido e para o que
ainda não tem ocupação.
Vamos reeleger Dilma porque a proposta dela é mais
emprego e renda, a dos outros é o desemprego e a incerteza sobre o nosso futuro
e sobre os nossos direitos.
BRASIL 247 17 de setembro de 2014 15:22
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 17.09.2014 17h42m
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