MARINA FAZ COMÍCIO ESVAZIADO NA TERRA DE LULA,
NO ABC PAULISTA
por Cíntia Alves
Nesta sexta-feira (19), Marina Silva (PSB) teve apenas
uma agenda pública: um comício tímido na Praça da Igreja Matriz, no centro de
São Bernardo do Campo (SP). O ex-presidente Lula mora ali, no berço de
movimentos sindicais e do PT. De acordo com uma pesquisa local, a ex-ministra
do Meio Ambiente bate Dilma com vantagem de 10 pontos no primeiro turno.
O bom desempenho no reduto petista "é um indicativo de que aquelas
pessoas que se mobilizaram na década de 1970 para buscar a nova política, para
garantir conquistas sociais, continuam à frente daqueles que desistiram dessa
agenda e agora estão indo para o caminho do retrocesso", avaliou Marina.
Mas se por um lado os números sopraram à favor de Marina
no ABC, por outro, a chuva intermitente, a organização do evento e o cansaço
físico da candidata contribuiram para um comício esvaziado. Marina fez um
discurso rápido, em cima de um pequeno trio elétrico, ao lado de Beto
Albuquerque e Luiza Erundina e foi embora. Sem direito à caminhada pela
principal via comercial da cidade, entre populares. Dilma, quando passou por lá
no último dia 2, fez questão de travar o trânsito por quase duas horas, ao lado
de Lula.
No tempo que tinha, Marina falou das “mentiras e ataques que o PT” vem desferindo contra sua
campanha a algumas dezenas de militantes que trajavam camisetas de partido ou
carregavam adornos que promovem candidatos a deputado federal e estadual do PSB
na região. Eram poucos os curiosos que se aproximavam para ver a
presidenciável.
Em um dos momentos em que foi aplaudida, Marina disse que
a nova política rompe com elos que o PT criou com figuras como Maluf e Collor.
Cerca de três horas antes do evento começar, porém, militantes do PSB tiveram
de correr para esconder cavaletes nos quais Marina aparece ao lado do
governador Geraldo Alckmin (PSDB). Além de não casar com o discurso da “nova
política”, o “Geraldina”, a dobradinha entre Geraldo e Marina, é indigesto à
candidata.
Direitos trabalhistas
À imprensa, Marina concedeu alguns minutos de
entrevista antes do comício na praça. Na ocasião, ela recuou novamente com
falas sobre atualizar a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). A ideia foi
discutida com empreendedores na capital paulista essa semana. Sem muitos
detalhes, abriu margem para críticas de Dilma, que sugeriu que Marina vai
reduzir direitos trabalhistas, se eleita.
"Em nenhum momento a nossa aliança falou em revisar
a CLT. Essa é mais uma mentira muito semelhança àquelas ditas sobre o pré-sal.
A Dilma é quem tem que explicar por que que a renda voltou a se concentrar no
Brasil e por que o salário do trabalhador voltou a recuar diante da
inflação", respondeu.
Embate com Lula
Marina também evitou, mais uma vez, entrar em
conflito direto com Lula ao ser incitada a rebater críticas do ex-presidente.
Ela tangenciou ainda a dúvida sobre uma possível aliança com o PSDB de Aécio
Neves no segundo turno das eleições. A estratégia da pessebista é focar no
debate, e não no embate.
“Para mim, a atitude nessa campanha será sempre a de
oferecer a outra face. Para a face de desviar do debate com alguém que defende
a presidente Dilma e não está na disputa, eu ofereço a face de chamar a Dilma
para o debate do programa de governo que ela não apresentou.”
A
presidenciável, que vem apresentando tendência de queda nas últimas pesquisas,
uniu os dois principais concorrentes no mesmo balaio quando falou da
agressividade da campanha. “É muito interessante isso que está
acontecendo. Pela primeira vez na história, PT e PSDB estão juntos numa mesma
cruzada de preconceito, boatos e difamações”, disparou. “Eles me tratam como se eu fosse a exterminadora do
futuro, para disfarçar que eles estão exterminando o presente”, acrescentou.
JORNAL GGN 19 de setembro de 2014 18:37
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 20.09.2014 12h45m
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