Na ISTOÉ:
"A força do emprego"
Postado por rt em 29 julho 2013 às 12:18
A criação de 826 mil vagas neste ano mostra uma economia que cresce
menos, mas continua pujante. Conheça as 30 cidades que mais contratam no País.
Todos os dias, 34 mil das 125 mil pessoas que circulam diariamente pelo
Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, usam crachá e batem cartão de ponto dentro
do próprio terminal. Três mil delas estão ainda em fase de experiência,
contratadas nos últimos 60 dias para trabalhar nas obras de ampliação, controle
de bagagens, segurança e diversos outros departamentos. Essa onda de admissões
no terminal de Guarulhos contribuiu para que a cidade se destacasse no ranking
de geração de empregos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)
do Ministério do Trabalho. O município ficou na nona posição entre as cidades
que mais contrataram neste ano, com a criação de 9,5 mil vagas.
E o grande empregador da cidade foi o aeroporto. “Os novos trabalhadores
são fundamentais para fazer com que o terminal atenda à crescente demanda de
passageiros e carga”, diz Carlos Silveira, gerente de relações institucionais
do aeroporto. O contingente dos “com crachá” deve aumentar ainda mais nos
próximos meses, quando outros 1,5 mil funcionários serão admitidos para as
obras de expansão do Terminal 3 e dos dois edifícios-garagem. “Ao todo, teremos
seis mil operários na obra”, diz Silveira. Até o final da concessão, daqui 20
anos, o aeroporto deve demandar investimentos de R$ 6 bilhões, com a construção
de dois hotéis e um shopping center. Mas os investimentos não param por aí.
Guarulhos também deve receber, nos próximos anos, uma linha de trem ligando o
aeroporto ao centro de São Paulo. “Vamos precisar de, pelo menos, 25 mil
trabalhadores nos próximos dez anos”, diz Silveira. Do total de 9,5 mil vagas,
segundo o Caged, Guarulhos abriu 1,2 mil na construção civil e 6 mil no setor
de serviços nos últimos seis meses. Em todo o País, 826 mil novas vagas foram
abertas no primeiro semestre – das quais mais de um terço, ou 295 mil, foram
concentradas em apenas 30 cidades. O balanço final da primeira metade do ano é
menor do que no mesmo período de 2012, quando foram criadas 1,04 milhão, mas
ainda indica um mercado de trabalho robusto e dinâmico.
A taxa de desemprego, que subiu de 5,8% para 6% da força de trabalho, ainda
está em patamares historicamente baixos. “Devemos criar 1,4 milhão de vagas até
o fim do ano”, afirma o ministro do Trabalho, Manoel Dias. Do total de postos
abertos até agora, 361 mil foram no setor de serviços, onde o emprego aumentou
2,2% em relação ao mesmo período do ano passado. “A ampliação da classe média e
o aumento de 43% nos salários médios de admissão nos últimos dez anos elevaram
a demanda por serviços e mantiveram o mercado de trabalho aquecido”, afirmou
Dias. Pelo tamanho, evidentemente, as capitais figuram no topo da listas das
que mais contrataram, mas algumas cidades relativamente pequenas também
ganharam destaque no mercado de trabalho e se tornaram uma espécie de oásis do
emprego.
É o caso de Altamira, município no sul do Pará, que tem passado por uma grande
transformação desde o início da construção da usina de Belo Monte, em junho de
2011. Nesse período, a população saltou de 98 mil habitantes para 150 mil,
graças ao imenso canteiro de obras que se criou no município com a construção
da usina. Só que, ao contrário de cidades que incham sem oferecer perspectivas
aos seus moradores, Altamira cresce justamente em função da oferta de emprego.
Dos 8,4 mil postos abertos nos primeiros seis meses do ano, 7,9 mil foram
oferecidos na construção civil. “A obra atraiu empresas e trouxe
investimentos”, diz Fabiano Bernardes, secretário municipal de Administração da
Prefeitura de Altamira.
Embora a indústria ainda tenha sofrido com a concorrência da China e de alguns
setores, como o metalúrgico e o de material elétrico, e perdido vagas em junho,
o desempenho geral no semestre foi positivo, com a criação de 187 mil postos de
trabalho – 2,3% mais do que em 2012. O setor de calçados está entre os
destaques, com a contratação de 18,5 mil pessoas, o maior número dos últimos
três anos. Boa parte dessas admissões ocorreu em Franca, tradicional polo
calçadista no interior paulista. Lá, os empregos começaram a reagir no ano passado,
a partir da desoneração da folha de pagamento. Neste ano, o processo se
intensificou: das 8,4 mil vagas criadas na cidade no primeiro semestre, 80%
foram na indústria.
“O setor calçadista, com a alta do dólar, ganhou competitividade”, afirma José
Carlos Brigagão, presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca
(Sindifranca). A produção industrial também manteve a contratação em Manaus,
capital que mais abriu vagas neste setor em 2013. Ao todo, a Zona Franca
contratou 3,3 mil trabalhadores na primeira metade do ano, mesmo montante do
setor de serviços. “Os fabricantes de eletrônicos continuaram contratando, e
assim devem se manter, graças à procura por smartphones, produtos de
informática e televisores”, diz Wilson Périco, vice-presidente do Sistema
Federação das Indústrias do Estado do Amazonas. Assim como Manaus, Guarulhos,
Altamira e Franca, várias cidades do País estão em busca de mão de obra
qualificada.
CIDADES QUE MAIS ABRIRAM POSTOS DE TRABALHO NOS SEIS PRIMEIROS MESES DE 2013
Publicado em 26/07/2013 na ISTOÉ. Por Patricia Alves e Fernando Teixeira
Por blog do SINPROCAPE