INCOERENTE,
MARINA AGORA QUER PRIVATIZAR O PRÉ-SAL E A PETROBRAS JUNTO
Marina Silva mudou seu discurso e agora
mostra-se direitista fervorosa
Os sinais de incoerência na campanha presidencial da ex-ministra Marina
Silva (PSB/Rede Sustentabilidade) têm ficado mais evidentes à medida que chega
o dia das eleições. Ela, agora, já admite claramente a intenção de privatizar a
Petrobras, o que não econtra eco sequer na legenda política que a abriga. Ainda
nesta terça-feira, em um flagrante conflito interno na coligação que sustenta a
candidata apoiada pela ultradireita, o socialista histórico e presidente do
PSB, Roberto Amaral, desautorizou o economista Alexandre Rands, da equipe de
Marina Silva, a falar pela legenda.
Rands, em uma entrevista ao diário conservador carioca O Globo,
na véspera, deu uma espécie de “receita” para corrigir “erros” da gestão Dilma
Rousseff. Entre as falhas apontadas, um Banco Central independente teria subido
os juros há mais tempo, prevê. Rands garante, ainda, que a retomada do
crescimento somente deverá ocorrer no quarto ano do próximo mandato. Até lá, o
país – segundo o economista – amargará níveis reduzidos de crescimento. Rands
não para por aí e questiona as teses do célebre economista Celso Furtado,
reconhecido internacionalmente e fonte de inspiração para a formação da
Superintendência de Desenvolvimento do Norteste (Sudene) e para o controle do
Estado no Banco Central, entre outras medidas. Para o aliado de Marina, as
ideias de Furtado “talvez nunca tenham feito sentido”.
Diante do festival de declarações, Amaral mandou Rands se calar e, em
nome do PSB, reafirma que Celso Furtado é o formulador do pensamento econômico
do partido, nacional e desenvolvimentista.
–O PSB tem profunda admiração pela obra e pelo pensamento de Celso
Furtado. Morto, não há substituto à altura – disse Amaral, a jornalistas.
Privatização da Petrobras
De fato, a candidata Marina Silva agora
assumiu, com todas as letras, que tem a intenção de priorizar o interesse das
multinacionais na exploração do pré-sal. Ela sustentou, nesta manhã, a revisão
do regime de partilha, aprovado durante o governo Lula. Nesta segunda-feira,
durante encontro com empresários em São Paulo, o coordenador da campanha da
presidenciável, Walter Feldman, já havia considerado a política atual
“doutrinária” e “errada”.
Segundo o modelo vigente para a exploração de
áreas cuja expectativa é de grandes quantidades de petróleo, o Estado fica com
a maior parte dos lucros obtidos e a participação da Petrobras é obrigatória na
exploração de todos os campos. Feldman argumenta que a situação financeira da
estatal não permite que isso seja praticado.
–A própria Petrobras se diz com dificuldades
de responder a essa demanda – diz ele.
No modelo de concessão, formulado e aplicado durante o governo do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e apropriado para áreas de maior risco
exploratório e com expectativa menor em relação a quantidades, predominam os
interesses das grandes multinacionais, como Shell, BP (British Petroleum) e
Chevron, que passariam a explorar e obter a maior parte dos lucros da riqueza
extraída de mares brasileiros.
Segundo Walter Feldman, executivos do setor criticaram a emissários da
candidata, durante encontro na semana passada, a política de conteúdo local –
que prevê a produção de 60% dos componentes no Brasil. Rever o regime de
partilha na exploração de petróleo também é uma proposta do candidato do PSDB, Aécio Neves, duramente
criticada pelo ex-presidente da ANP, Haroldo Lima.
Legislação trabalhista
Não bastasse a crítica a Celso Furtado e a intenção de privatizar a Petrobras, Marina Silva também
passou a defender, nesta terça-feira, uma série de mudanças na legislação
trabalhista, mas sem citar medidas específicas ou detalhar, minimamente, a
proposta. Em debate com empresários, no Centro da capital paulista, Marina
citou duas vezes a necessidade de atualizar as regras da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) para “ajudar na geração de emprego”.
–A complexidade das leis trabalhistas, muitas vezes, priva uma empresa,
uma pequena empresa, de contratar – disse,
Ela fez a ressalva de que essa “não é uma discussão fácil”.
–Prefiro ter humildade para continuar o debate e evitar distorções. Se
fosse fácil, o sociólogo teria feito a reforma política e o operário teria
feito a reforma trabalhista – disse sem citar os nomes dos ex-presidentes
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
INSTITUTO JOÃO GOULART 18 de setembro de 2014
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 20.09.2014 08h41m
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