PRESIDENTE DO PSB MANOBRA PARA MANTER CONTROLE DA SIGLA
Eleições
internas são marcadas para antes da realização do 1º turno
por Simone Iglesias e Júnia Gama
O presidente nacional do PSB, Roberto Amaral,
convocou eleição da nova direção do partido para o dia 29, a apenas seis dias
da votação do primeiro turno e em meio à campanha eleitoral. Amaral, que
assumiu a presidência do PSB com a morte de Eduardo Campos, em 13 de agosto,
busca se manter no cargo e evitar que o grupo de Marina Silva, fortalecido com
uma eventual ida para o segundo turno, trabalhe pela eleição de um presidente
do partido “mais dócil” aos seus interesses. O edital de convocação foi
publicado no Diário Oficial da União desta segunda-feira.
No documento, Amaral estipula como prazo limite
para apresentação da chapa o dia 27, às 14 h, dois dias antes do início da
reunião, que ocorrerá em um hotel de São Paulo. Segundo dirigentes do partido,
há temor de que, se eleita presidente da República, Marina tome conta do PSB,
transformando-o na Rede Sustentabilidade, que ela não conseguiu criar em tempo
hábil para disputar a eleição deste ano — o que a levou ela a migrar para o
PSB.
Depois da eleição, dependendo do resultado, Marina
pode sair fortalecida e tentar influenciar a decisão do diretório na escolha do
presidente. Um partido mais dócil claro que é melhor. O PSB está fazendo de um
jeito que Marina não tenha o controle institucional do partido — disse um
pessebista da cúpula nacional.
As chapas devem ter 35 filiados. Seis deles já
foram escolhidos pelo diretório nacional, eleito em junho, e são fixos. Esses
seis integrantes são ligados aos movimentos sociais, não sendo políticos
tradicionais do partido.
Amaral está montando sua chapa. Segundo integrantes
do partido, o prefeito de Fortaleza, Geraldo Júlio, vem dando sinais de que
pretende concorrer ao cargo. E o PSB de Pernambuco tenta evocar para si a
presidência, já que, antes de Campos, também pernambucano, quem presidia a
sigla era o seu avô, Miguel Arraes, que morreu em 2005. Naquele ano, Amaral era
o vice-presidente. Assumiu por algumas semanas, até que foi convocada a eleição
em que Campos passou a liderar o PSB.
Segundo um dirigente, o partido está seguindo o
cronograma estabelecido por Campos: fazer a eleição da executiva neste período.
A diferença para a situação atual é que ele seria reconduzido automaticamente,
sem disputa.
A escolha, na próxima segunda-feira, será realizada
pelos 120 integrantes do diretório nacional (podem participar também 25
suplentes) eleito há três meses, quando Campos ainda era vivo.
ENCONTRO COM LULA FOI CANCELADO
Apesar de o núcleo duro do partido defender a
permanência de Amaral no comando, setores do PSB veem a ideia com restrições
porque acham que ele é muito vinculado ao ex-presidente Lula.
Logo após a morte de Campos, Lula convidou Amaral
para um almoço, em São Paulo. O encontro ocorreria no mesmo dia em que a cúpula
do PSB teve a primeira conversa com Marina, quando ficou subentendido que ela
substituiria Campos. O almoço foi abortado de última hora após avaliação de
dirigentes do PSB de que uma reunião com Lula àquela altura comprometeria a
unidade do partido.
Outro fato que irritou alguns socialistas foi a
rapidez com que Amaral se intitulou presidente do PSB, após a morte de Campos.
Na ocasião, Amaral divulgou nota assinando como presidente do partido. Apesar
de o estatuto do PSB instituir que o vice assume, na falta do presidente de
fato, a atitude causou mal-estar entre filiados. No dia do velório, antes do
enterro de Campos, Amaral divulgou nova nota que incomodou pessoas próximas ao
morto. No texto, Amaral anunciou que o PSB iniciara processo de consulta interna
para a escolha do vice de Marina.
INSTITUTO JOÃO GOULART 23 de setembro de 2014
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 25.09.2014 08h00m
Nenhum comentário:
Postar um comentário