POR QUE A GLOBO ESCONDE O PASSADO DE COSTA?
por Miguel do Rosário
Paulo Roberto Costa é cria tucana sim. Esteve à frente
da construção do gasoduto Brasil – Bolívia, ao final dos anos 90.
Costa deve suas primeiras nomeações importantes
dentro da Petrobrás à FHC.
A construção desse gasoduto, aliás, foi muito mal
explicada. O Brasil ainda não tinha demanda de gás, e criava-se,
desnecessariamente, uma dependência de um país politicamente instável.
Segundo Fernando Siqueira, especialista na área de
petróleo e gás, “a Petrobrás importou, durante cinco anos, 18 milhões de metros
cúbicos de gás boliviano e pagou por 25 milhões, pois a atividade era anti
econômica”.
Pior, os pagamentos não eram feitos ao governo
boliviano, mas a multinacionais instaladas na Bolívia, que exploravam as
reservas de gás do país. Morales ainda não era presidente e o gás boliviano
ainda não havia sido nacionalizado.
As multinacionais eram Total (França), Repsol
(Espanha), Amaco (EUA) e Enron (EUA), que pressionavam o Brasil a mudar sua
matriz energética hídrica, criando assim mercado para o gás.
“A Petrobrás fez um contrato absurdo”, denunciou Siqueira, o “pior contrato da história da
Petrobrás”.
Em 11 fevereiro de 1999, Fernando Henrique Cardoso assinou decreto desapropriando terras para a construção
do gasoduto. Seria interessante resgatar exatamente quanto se pagou e a quem.
Já que se aprovou a ida de Costa à CPI, alguém
podia fazer perguntas a ele sobre este assunto.
Como Paulo exerceu cargos importantes na área de
plataforma, os senadores deveriam perguntar a ele se conhecia as
picaretagens que resultaram no afundamento da plataforma P-36, que deu prejuízo
de bilhões de dólares à Petrobrás.
E não só prejuízo financeiro, mas humano (morreu
gente), estratégico-operacional (parada de produção) e de imagem (o que reduz o
investimento; quem irá investir numa companhia cujas plataformas afundam?).
Vou repetir mil vezes para combater a manipulação
da Globo.
As primeiras nomeações políticas de Paulo Roberto
Costa na Petrobrás aconteceram durante a era tucana.
Se Costa foi picareta durante a era Lula,
certamente já era picareta na era FHC e, portanto, pode falar também sobre
desvios ocorridos na era tucana.
A mídia não quer investigar nem punir ninguém. Ela
quer espetáculo.
Ela quer apenas produzir factóides que possam
afetar as eleições, prejudicando Dilma.
A prova disso é que ela vem omitindo,
sistematicamente, a informação de que as primeiras nomeações de Paulo Roberto
Costa para cargos de direção na Petrobrás aconteceram durante o governo
Fernando Henrique Cardoso.
Eu revelei esta informação no blog sem grandes
pretensões, porque ela consta em documentos públicos e o próprio Paulo Roberto
Costa disse isso em seus depoimentos.
Surpreendeu-me a reação agressiva da imprensa,
nitidamente querendo esconder o fato.
Será que Paulo Roberto Costa sabe de alguma falcatrua
da época de FHC?
Será por isso que a Globo está tão nervosa tentando
esconder seu passado?
O último factoide da mídia, de que alguém usando a
rede da Petrobrás alterou o verbete de Paulo Roberto Costa, apenas revela a
ansiedade da oposição (ou seja, da mídia) em não disperdiçar o que eles
consideram a sua última bala de prata.
Qual o problema em mexer no wikipédia do Paulo
Roberto Costa?
Wikipédia é para isso mesmo, para ser mexido!
Qual o problema, se o objetivo é incluir uma
informação verídica, constante em documentos públicos?
Só se pode alterar wikipédia se for para
acrescentar informações publicadas em jornais da Globo?
Outra coisa, a “delação premiada” de Paulo Roberto
Costa só tem valor se vier acompanhada de prova.
Em caso contrário, é oportunismo.
Há tempos que os picaretas presos pelo governo
entenderam que basta falar coisas que a mídia quer ouvir para serem
tratados como herois.
O contrário é ainda mais verdadeiro. A mídia passa
a perseguir o sujeito se ele não fizer o jogo sujo implícito na chantagem.
Voltemos à tentativa da mídia de esconder o passado
de Paulo Roberto Costa.
Ele cita o caso da alteração do Wikipédia, sem
dizer o mais importante. Paulo Roberto Costa, efetivamente, obteve suas
primeiras indicações políticas importantes, dentro da Petrobrás, durante o
governo FHC.
A reportagem é montada de maneira a fazer o
telespectador acreditar que a alteração no wikipédia de Paulo Roberto Costa
inseriu inverdades; e encerra dizendo que Paulo Roberto Costa foi diretor da
Petrobrás durante os governo Lula e Dilma.
Certo.
Mas ele foi diretor também antes, durante o governo
FHC.
Isso a matéria não diz, confundindo o leitor.
Manipulação grosseira.
Uso indevido de uma concessão pública.
Ser bem informado é um direito humano do
brasileiro.
A Globo explora uma concessão pública e recebe
verbas públicas para manipular e omitir informações?
Isso deveria ser crime.
É importante, neste momento, que a Petrobrás não se
acovarde. Não faça o jogo da Globo.
Repetindo. Em 1995, primeiro ano do governo FHC,
Paulo Roberto Costa foi nomeado gerente geral de Exploração e Produção do Sul,
responsável pelas bacias de Santos e Pelotas.
Foi diretor da Gaspetro de maio de 1997 a dezembro
de 2000. Exerceu outros cargos importantes durante o reinado tucano.
A Globo está dando outro tiro no pé com essa
história do Wikipédia.
Se a população souber que Paulo Roberto Costa foi
diretor da Petrobrás no tempo de FHC, isso atrapalhará a “narrativa” que a
Globo quer impor à opinião pública.
Outro dia, um dos irmãos Marinho, em entrevista ao
Valor, comentava as recentes mudanças na empresa, que agora se chamará Grupo
Globo. Ele afirmou que a vocação da companhia é “contar histórias”,
querendo dizer que o forte da empresa é produção de conteúdo.
Pois é, a Globo sabe contar histórias. E contar
histórias implica em esconder o que deve ou não ser contado em determinado
momento.
Neste momento, não interessa à Globo liberar
informações completas sobre Paulo Roberto Costa.
Ele tem que ser ligado apenas aos governos
Lula/Dilma, para prejudicar a candidatura Dilma.
É mais uma loucura nascida da arrogância da
Globo.
Aliás, a própria Globo, distraidamente, publicou essa informação há alguns dias, ao criticar o
“exagero” de uma acusação de Marina contra o PT.
A Globo está batendo cabeça.
Como é possível esconder que alguém trabalhou numa
empresa pública, se o fato está presente em inúmeros documentos?
O servidor que incluiu um capítulo no verbete de
Paulo Roberto Costa não fez nada de errado. Não sei como são as regras administrativas
da estatal, quais são as liberdades internas para uso de internet.
Mas a informação inserida por ele era
absolutamente verdadeira.
Para a Globo, pelo jeito, é crime contar a verdade.
O CAFEZINHO 16 de setembro de 2014
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 16.09.2014 05h30m
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