AÉCIO DE VOLTA AO JOGO: HORA DE ENCARAR
MARINA
Único a crescer na pesquisa
Ibope divulgada na terça-feira 16, com quatro pontos de alta, candidato do
PSDB ainda pode chegar ao segundo turno; para isso, primeiro obstáculo
à sua frente é adversária do PSB, colocada entre ele e a presidente Dilma
Rousseff; no entanto, ex-presidente Fernando Henrique quer que Aécio incremente
ataques a Dilma e ao PT; maior chance do senador mineiro, porém, é dar ordem unida
às suas tropas e focar esforços para retomar de Marina o segundo posto que era
seu até a morte de Eduardo Campos; movimento passa, claramente, por desgastar a
ex-ministra nos 17 dias que separam o País das urnas de 5 de outubro;
Aécio moverá a peça de seu interesse ou a de FHC, que não quer
"melindrar" Marina?
No momento
em que já ia sendo relegado à condição de personagem terciário da disputa
presidencial, o candidato do PSDB, Aécio Neves, voltou ao jogo maior. Em
pesquisa Ibope divulgada na terça-feira 16, ele foi o único a crescer em
mais este momento decisivo da disputa eleitoral. A 17 dias das urnas, o senador
mineiro resgatou para si quatro pontos perdidos e subiu de 15% de intenções
para 19% de referências de voto. Ao mesmo tempo, Marina Silva perdeu um ponto e
a presidente Dilma Rousseff, outros três.
O resultado incentivou o ex-presidente Fernando Henrique,
que já declarou não querer "melindrar" a adversária do PSB, a
insistir publicamente que a estratégia de Aécio é seguir criticando duramente a
gestão de Dilma e do PT. Na mesma linha de atuação, o ex-governador José Serra
se mantém alheio a ataques a Marina e não se incomoda com as versões que já
transmite aos mais próximos de que os tucanos deverão votar 'útil' a favor
dela, em 5 de outubro.
Mas o caminho de Aécio para o segundo turno, mostram
claramente os números mais recentes, é outro.
Para participar da segunda volta, Aécio precisa
ultrapassar quem está imediatamente à sua frente – e está é Marina, e não
Dilma. Com 30% de intenções no Ibope, ao registrar perda de um ponto sobre
pesquisa anterior do mesmo instituto, Marina é um obstáculo concreto entre o
tucano e a petista. Não há como não perceber essa situação eleitoral. Caso, num
próximo levantamento, repita-se o desempenho de Marina perder mais um pontinho
e Aécio subir outros quatro, como aconteceu agora, bingo! Estará criada, com
boa vontade de interpretação, a situação de empate técnico entre ambos, na
marca dos 26% (Aécio com 23 pontos mais três para cima, Marina com 29 pontos
menos três para baixo).
Sabe-se que, na reta final, assim como a perda de pontos
abate dirigentes e militantes dos partido, o ganho anima decisivamente as
equipes partidárias e seus simpatizantes. Aécio, nesta tendência, estaria ultra
fortalecido.
FOCO PARA RECUPERAR POSIÇÃO
PERDIDA - Por mais que ainda pareça difícil a situação
de Aécio, a estratégia política correta pode fazê-lo ressurgir. Será preciso,
neste instante histórico, ao menos, ele arquivar momentaneamente as críticas à
Dilma e ao PT que, de resto, a própria Marina já vem fazendo, para
concentrar-se no resgate do lugar que era dele antes da morte do presidenciável
Eduardo Campos.
Até a tragédia de Santos, Aécio nunca perdeu sua posição
consolidada de segundo colocado. Ele próprio assegurou em diferentes declarações
que o segundo turno eleitoral já estava contratado, com ele próprio e Dilma na
nova disputa.
Como tarefa número para completar o que será um
verdadeira façanha, Aécio tem deixar de agir, agora, como candidato a
presidente e "botar o chapéu", como gosta de dizer o próprio Fernando
Henrique, de presidente do PSDB. Um chefe partidário que precisa dizer com
todas as palavras para sua direção, militantes e apoiadores que não é hora de
despejar bílis sobre o PT, mas sim sobre Marina.
A candidatura da musa do PSB está repleta de falhas e
contradições, que têm sido explorada somente por Dilma e o PT. A ponto de essa
estratégia já ter beneficiado a própria Dilma, que se descolou a ex-ministra e
com ela empata em todos as projeções de segundo turno – no qual chegou a sofrer
dez pontos de desvantagem no Datafolha.
Tarimbado por uma incessante atividade política desde o
início da década de 1980, ao lado de seu avô Tancredo, Aécio tem a simpatia de
todos no meio político por seu comportamento entusiasmado, gentil e
conciliador.
No principal momento de sua vida política, porém, Aécio
precisará ser bem mais duro para chegar ao topo. Paradoxalmente, ele nunca teve
pela frente uma adversária com tantas fragilidades eleitorais já comprovadas. O
primeiro passo é convencer Fernando Henrique sobre quem é o verdadeiro
adversário neste momento – ou tocar a campanha neste começo de reta final
ignorando, pelo triunfo, os conselhos do ex-presidente.
No tabuleiro da sucessão, quem joga agora é Aécio.
BRASIL 247 17 de setembro de 2014 11:54
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 17.09.2014 18h05m
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