WYLLIS
APOIA DILMA E DIZ: “MEU LUGAR NÃO É O MURO”
Em carta divulgada no Facebook, deputado federal reeleito
pelo PSOL do Rio de Janeiro, Jean Wyllys declara apoio à reeleição de Dilma
Rousseff e destaca que o tucano Aécio Neves representa um retrocesso:
“conservadorismo moral, política econômica ultra-liberal, menos políticas
sociais e de inclusão, mais criminalização dos movimentos sociais, mais
corrupção (sim, ao contrário do que sugere parte da imprensa, o PT é um partido
menos enredado em esquemas de corrupção que o PSDB), mais repressão à
dissidência política e menos direitos civis”
O deputado federal reeleito
pelo PSOL do Rio de Janeiro, Jean Wyllys, declarou seu voto a presidente Dilma
Rousseff em uma carta publicada no Facebook. Ele diz que o presidenciável
tucano Aécio Neves representa o retrocesso. Leia:
Carta para além do muro (ou por
que Dilma agora)
O muro
não é meu lugar, definitivamente. Nunca gostei de muros, nem dos reais nem dos
imaginários ou metafóricos. Sempre preferi as pontes ou as portas e janelas
abertas, reais ou imaginárias. Estas representam a comunicação e, logo, o
entendimento. Mas quando, infelizmente, no lugar delas se ergue um muro, não
posso tentar me equilibrar sobre ele. O certo é avaliar com discernimento e
escolher o lado do muro que está mais de acordo com o que se espera da vida. O
correto é tomar posição; posicionar-se mesmo que a posição tomada não seja a
ideal, mas a mais próxima disso. Jamais lavar as mãos como Pilatos — o que
custou a execução de Jesus — nem sugerir dividir o bebê disputado por duas mães
ao meio.
Sei que
cada escolha é uma renúncia. E, por isso, estou preparado para os insultos e
ataques dos que gostariam que eu fizesse escolha semelhante às suas.
Por
respeito à democracia interna do meu partido, aguardei a deliberação da direção
nacional para dividir, com vocês, minha posição sobre o segundo turno. E agora
que o PSOL já se expressou, eu também o faço.
Antes
de mais nada, quero dizer que estou muito feliz e orgulhoso pelo papel cumprido
ao longo de toda a campanha por Luciana Genro. Jamais um/a candidato/a
presidencial tinha assumido em todos os debates, entrevistas e discursos — e,
sobretudo, no programa de governo apresentado — um compromisso tão claro com a
defesa dos direitos humanos de todos e todas. Luciana foi a primeira candidata
a falar as palavras “transfobia” e “homofobia” num debate presidencial, além de
defender abertamente o casamento civil igualitário, a lei de identidade de
gênero e a criminalização da homofobia nos termos em que eu mesmo a defendo;
mas também foi a primeira a defender, sem eufemismos, as legalizações do aborto
e da maconha como meios eficazes de reduzir a mortalidade da população pobre e
negra, a taxação das grandes fortunas, a desmilitarização da polícia e outras
pautas que considero fundamentais. O PSOL saiu da eleição fortalecido.
Agora,
no segundo turno, a eleição é entre os dois candidatos que a população
escolheu: Dilma Rousseff e Aécio Neves. E eu não vou fugir dessa escolha
porque, embora tenha fortes críticas a ambos, acredito que existam diferenças
importantes entre eles.
A
candidatura de Aécio Neves – com o provável apoio de Marina Silva (e o já
declarado apoio dos fundamentalistas MAL-AFAIA e pastor Everaldo; do
ultra-reacionário Levy Fidélix; da quadrilha de difamadores fascistas que tem
por sobrenome Bolsonaro e do PSB dos pastores obscurantistas Eurico e Isidoro)
– representa um retrocesso: conservadorismo moral, política econômica
ultra-liberal, menos políticas sociais e de inclusão, mais criminalização dos
movimentos sociais, mais corrupção (sim, ao contrário do que sugere parte da
imprensa, o PT é um partido menos enredado em esquemas de corrupção que o PSDB)
e mais repressão à dissidência política e menos direitos civis.
Mesmo
com todos as críticas que eu fiz, faço e continuarei fazendo aos governos do
PT, a memória da época do tucanato me lembra o quanto tudo pode piorar. Por
outro lado, Aécio representa uma coligação de partidos de ultra-direita, com
uma base ainda mais conservadora que a do governo Dilma no parlamento. Esse
alinhamento político-ideológico à direita entre Executivo e Legislativo é um
perigo para a democracia!
Vocês
que acompanham meus posicionamentos no Congresso, na imprensa e aqui sabem o
quanto eu fui crítico, durante estes quatro anos, das claudicações e recuos do
governo Dilma e do tipo de governabilidade que o PT construiu. Mas sabem também
que eu tenho horror a esse anti-petismo de leitor da revista marrom, por seu
conteúdo udenista, fundamentalista religioso, classista e ultra-liberal em
matéria econômico-social. Considero-o uma ameaça às conquistas já feitas, que
não são todas as que eu desejo, mas existem e são importantes, principalmente
para os mais pobres. As manifestações de racismo e classismo que eu vi nos
últimos dias nas redes sociais contra o povo nordestino, do qual faço parte
como baiano radicado no Rio, mais ainda me horrorizam!
Por
isso, avançando um pouco em relação à posição da direção nacional do PSOL, que
declarou “Nenhum voto em Aécio”, eu declaro que, nesse segundo turno das
eleições, eu voto em Dilma e a apóio, mesmo assegurando a vocês, desde já, que
farei oposição à esquerda ao seu governo (logo, uma oposição pautada na
justiça, na ética, nas minhas convicções e no republicanismo), apoiando aquilo
que é coerente com as bandeiras que defendo e me opondo ao que considero
contrário aos interesses da população em geral e daqueles que eu represento no
Congresso, como sempre fiz.
Hoje,
antes de dividir estas palavras com vocês, entrei em contato com a coordenação
de campanha da presidenta Dilma para antecipar minha posição e cobrar, dela, um
compromisso claro com agendas mínimas que são muito caras a mim e a tod@s @s
que me confiaram seu voto.
E a
presidenta Dilma, após argumentar que pouco avançou na garantia de direitos
humanos de minorias porque, no primeiro mandato, teve de levar em conta o
equilíbrio de forças em sua base e priorizar as políticas sociais mais
urgentes, garantiu que, dessa vez, vai:
1.
fazer todos os esforços que lhe cabem como presidenta para convencer sua base a
criminalizar a homofobia em consonância com a defesa de um estado penal mínimo;
2.
fazer todos os esforços que lhe cabem como presidenta para mobilizar sua base
no Legislativo para legalizar algo que já é uma realidade jurídica: o casamento
CIVIL igualitário. (Ela ressaltou, contudo, que vai tranquilizar os religiosos
de que jamais fará qualquer ação no sentido de constranger igrejas a realizarem
cerimônias de casamento; a presidenta deixou claro que seu compromisso é com a
legalização do CASAMENTO CIVIL – aquele que pode ser dissolvido pelo divórcio –
entre pessoas do mesmo sexo);
3. fazer
maior investimento de recursos nas políticas de prevenção e tratamento das
DSTs/AIDS, levando em conta as populações mais vulneráveis à doença;
4. dar
maior atenção às reivindicações dos povos indígenas, conciliando o atendimento
a essas reivindicações com o desenvolvimento sustentável;
5. e
implementar o PNE – Plano Nacional de Educação – de modo a assegurar a todos e
todas uma educação inclusiva de qualidade, sem discriminações às pessoas com
deficiências físicas e cognitivas, LGBTs e adeptos de religiões minoritárias,
como as religiões de matriz africana.
Por
tudo isso, sobretudo por causa desse compromisso, eu voto em Dilma e apoio sua
reeleição. Se ela não cumprir, serei o primeiro a cobrar junto a vocês!
O CAFEZINHO 09 de outubro de 2014 06:46
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 09.10.2014 07h19m
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