ROGÉRIO
CORREIA: “SE TUDO FOR INVESTIGADO, ELE ACABA PRESO”; ELE É AÉCIO
por Conceição Lemes
Correia cita como
casos de corrupção, os dois aeroportos feitos por Aécio com dinheiro público
nas fazenda da família do pai e da mãe, a rádio Arco-Íris, o Mineirão, o
mensalão tucano e a Lista de Furnas
Antes do último domingo 5, Aécio
Neves (PSDB) alardeava que, em Minas Gerais, teria 4 milhões de votos a mais
que Dilma Rousseff (PT) na disputa presidência da República.
Os mineiros lhe deram uma baita
cortada nas asas, assim como de outros tucanos.
Em Minas, segundo colégio
eleitoral brasileiro, Dilma teve mais votos: 4.829.513 — 43,48%. Aécio,
4.4414.452 – 39,75%.
Na disputa ao governo do Estado a
surra foi maior. Fernando Pimentel (PT) ganhou no primeiro turno 5.362.870
(52,98%). Pimenta da Veiga, candidato de Aécio, teve 4.240.706 votos (41,89%).
“Minas tem uma tarefa importante
agora”, avalia o deputado estadual Rogério Correia (PT), em entrevista ao Viomundo.
“Demonstrar ao Brasil o quanto é falso o discurso aecista e os malefícios
produzidos aqui pelo choque de gestão.”
“A corrupção em Minas é enorme”,
diz Correia. “Só que as pessoas não sabem.”
“Enquanto a Dilma manda
investigar toda denúncia, pois não tem nada a temer, Aécio não deixa investigar
nada aqui”, frisa.
“O senador Aécio não deixa
investigar nada, porque tem denúncias que o envolvem pessoalmente, além das
denúncias contra o seu governo”, afirma Rogério Correia. “Se tudo
for investigado, ele acaba preso.”
Rogério Correia foi reeleito para
um quarto mandato na Assembleia Legislativa de Minas com 72.413 votos. É o
vice-líder do Minas Sem Censura, bloco parlamentar de oposição que ajudou a
criar.
Segue a íntegra da nossa
entrevista
Viomundo
— Como avalia a derrota de Aécio em Minas Gerais?
Rogério
Correia – Aqui,
tudo era escondido. Mas, com a campanha nacional, Minas passou a conhecer
melhor o Aécio e isso levou à derrota dele. O que ele dizia na televisão, no
horário eleitoral, chocava o povo mineiro.
Viomundo
– De que forma?
Rogério
Correia — Ele
insistiu muito que nós tínhamos uma educação maravilhosa. Só que aquela
educação maravilhosa não existe aqui. Quando os alunos, os
professores e os mineiros em geral viram aquela propaganda mentirosa,
eles compararam e ficaram chocados. Era um discurso falso.
Ou seja, o marketing
que o Aécio fez para o restante do Brasil entrava em contradição com a
realidade. Essa falsidade levou à derrota dele aqui.
Houve ainda mais dois fatores que
levaram Aécio à derrota em Minas. Um foi a arrogância. Achava que mandava em Minas.
Ele dizia que ia ter aqui 4 milhões a mais de votos que a Dilma.
O outro fator é que quem cuidou
do povo de Minas foi a presidenta Dilma, não foram os tucanos.
Tanto que a
votação dela nas regiões mais carentes foi estupenda. No Norte de Minas,
Dilma chegou a ter mais de 70% dos votos.
A cerca neoliberal tomou um curto
circuito, ela foi desligada e o choque de gestão desmascarado.
Com a cerca neoliberal desligada,
nós pudemos saber melhor o que estava se passando em Minas. E a opção foi pela
Dilma.
Minas Gerais tem, agora, uma
tarefa importante: demonstrar o quanto é falso, mentiroso, o discurso aecista e
revelar ao Brasil os malefícios produzidos aqui pelo chamado choque de
gestão.
Viomundo
– O senhor falou da cerca neoliberal. Ela seria o quê?
Rogério
Correia – Seria
uma espécie de cerca eletrificada, circundando o Estado de Minas por todo lado,
e que dá choque. No caso, choque de gestão. Aqui, em Minas, a cerca neoliberal
aqui tem quatro pontos. O primeiro deles, um Estado quebrado.
Viomundo
– Como um Estado quebrado?
Rogério
Correia – Aécio
fica falando do crescimento do Brasil, só que Minas não se desenvolveu. Minas
ficou exportando minério. O minério caiu de preço, a economia mineira foi para
o buraco.
Eles [Eduardo Azeredo, Aécio
Neves e Antonio Anastasia] nunca propuseram um desenvolvimento de forma
sustentável para o Estado de Minas.
Viomundo
– Por quê?
Rogério
Correia — Eles
nunca acreditaram que o Brasil fosse se desenvolver. Para eles tudo é dependente
do capital financeiro internacional. É o vínculo ao capital estrangeiro e, no
caso aqui, à exportação de minério.
Então eles ficaram esperando o
fracasso do Brasil em vez de fazer de Minas um Estado que planejasse o seu
desenvolvimento.
Tanto que aqui não tem projeto
para metrô, estradas, anel rodoviário. Aqui, não tem projeto regional de
desenvolvimento.
Nós vamos ter que fazer esse
projeto. Desenvolver Minas do jeito que o Brasil se desenvolveu. Colocar Minas
na mesma rota que o Brasil se desenvolveu.
Viomundo
– E o segundo ponto da cerca neoliberal?
Rogério
Correia — O
neoliberalismo em si. Essa cerca conta com privado. Aqui, tudo feito com
parceria público-privada (PPP). Tanto que eles nunca quiseram trazer para cá as
obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal.
Viomundo
– Por quê?
Rogério
Correia — Porque
aqui só serve se for PPP e privatização. Metrô, anel rodoviário, estradas.
Aqui, ou é PPP ou não se faz. E, em Minas, as PPP fracassaram.
O pedágio cobrado na MG 50
[rodovia estadual] é o mais caro que existe em Minas e essa estrada sequer foi
duplicada. Ela mostra que o modelo de privatização de estradas foi um
fiasco.
Aqui, privatizaram até
presídio. Os presídios privados custam mais caro ao Estado do que os
presídios públicos.
Eles privatizaram o Mineirão.
Melhor dizendo, doaram o Mineirão.
E, agora, no final do atual
governo eles queriam vender a Cemig [Companhia Energética de Minas Gerais] e a
Gasmig [Companhia de Gás de Minas Gerais]. É a PEC 68 que pretendia a
privatização dessas empresas e que nós, do Minas Sem Censura, não
deixamos que fosse adiante.
Tem ainda a desorganização do
Estado. É o que eles fizeram com as professoras. Eles baixaram a lei 100, que
mentia, dizendo que iria efetivar todo mundo sem concurso público. Depois, caiu
por terra.
O pessoal do Aécio desorganiza
para poder privatizar depois. Esse é segundo ponto da cerca neoliberal em
Minas.
Viomundo
– E o terceiro?
Rogério
Correia– As
questões sociais. Em Minas, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) cresceu
menos que no Brasil. Somos o último estado do Sudeste e agora Goiás ultrapassou
Minas.
Esse é resultado de 12 anos
ininterruptos de Aécio e Anastasia e mais os quatro anos de Azeredo. Todos
tucanos.
Viomundo
– E o quarto ponto da cerca neoliberal?
Rogério
Correia — O
estado de exceção. O Aécio e seu grupo político têm controle absoluto na
Assembleia Legislativa, no Tribunal de Contas, no Tribunal de Justiça, no
Ministério Público. Falta democracia nesses órgãos. Isso sem falar no controle
absoluto que eles têm sobre a mídia mineira. Censura, mesmo, com mãos de ferro.
Isso foi rompido com o Bloco
Minas Sem Censura, os movimentos sociais e a própria campanha eleitoral deste
ano.
Ao romper o cerco midiático e o
aparato do Estado, que é completo, nós desmontamos para a sociedade o que é o
governo neoliberal em Minas.
Essa cerca neoliberal em Minas
esconde tudo. Ela não deixa investigar nada. Por exemplo, os dois
aeroportos que o Aécio construiu em Minas com dinheiro público para a família
dele. A rádio Arco-Íris, do Aécio e da irmã dele, a Andrea.
Viomundo
– Aécio e os tucanos em geral vivem acusando o governo Dilma de corrupção, como
se fossem vestais, não tivessem telhado de vidro.
Rogério
Correia – Isso é
piada. Aécio e a tucanada mineira sabem disso.
A corrupção em Minas é
enorme. Os governos de Aécio e Anastasia foram tremendamente corruptos,
só que não deixaram investigar. Aqui, nós temos ex-secretários que estão em
processo judicial, inclusive com pedido de prisão.
Viomundo
– Os mineiros sabem desses casos de corrupção?
Rogério
Correia – Quase
ninguém sabe, porque a Andrea Neves, irmã do Aécio, controla a mídia mineira
com mãos de ferro. Quem tenta furar esse bloqueio, acaba preso, como o
jornalista Marco Aurélio Carone, do Novo Jornal. Eles acabaram
com o jornal do Carone e, ainda, o mantêm preso desde janeiro deste ano.
Viomundo
– Que casos de corrupção o senhor apontaria?
Rogério
Correia – Para
começar, os dois aeroportos feitos por Aécio à custa de dinheiro público para
beneficiar a família. Ele é tão generoso com os parentes que fez um aeroporto
para a família do pai e outro para a família da mãe.
O de Cláudio, da família da mãe,
é o mais conhecido. É aquele que fica fechado o tempo inteiro e o tio do Aécio
guarda a chave para que outros não o utilizem.
Mas tem também o de Montezuma na
área da fazenda do pai.
Tem a rádio Arco-Íris, localizada
na Grande Belo Horizonte, que é do senador e da irmã Andrea. Ela injetou
milhões lá. Nós não sabemos quantos exatamente, porque nunca deixaram
investigar. Nós pretendemos criar uma CPI na Assembleia Legislativa para
descobrir essa corrupção.
Viomundo
– Qual corrupção será alvo de investigação?
Rogério
Correia — Além dessas que acabei de citar, tem a reforma do
Mineirão, a dívida de mais de R$ 8 bilhões com a Educação e outros R$ 8
bilhões com a Saúde, descumprindo o mínimo constitucional… E por aí vai.
A corrupção tem de ser sempre
enfrentada. É o governo Dilma faz. A Dilma enfrenta, não põe pra baixo do
tapete. Já o Aécio não enfrenta a corrupção.
Viomundo
– O Aécio teria medo de enfrentar essas denúncias?
Rogério
Correia – Teria,
não. O Aécio tem medo de enfrentar essas denúncias.
Viomundo
— Por quê?
Rogério
Correia – Porque as denúncias de corrupção o envolvem pessoalmente. A perda
do controle sobre a Assembleia Legislativa de Minas Gerais e a perda do governo
levaram os tucanos ao desespero.
O senador Aécio não deixa
investigar nada, porque tem denúncias que o envolvem pessoalmente, além das
denúncias contra seu governo. Se tudo for investigado, ele acaba preso.
Além dos dois aeroportos, da
rádio Arco-Íris e do Mineirão, o senador não consegue responder
à população sobre o mensalão tucano e o caso Lista de Furnas, do qual ele
e o partido fizeram parte. Aécio recebeu R$ 110 mil de Marcos Valério e R$
5,5 milhões da Lista de Furnas.
Enfim, o governo tucano em Minas
endividou o Estado, não planejou o nosso desenvolvimento, não aplicou o mínimo
para Educação e Saúde, impedindo um melhor IDH. Escondeu tudo através da
censura e substituiu os três poderes de Montesquieu pelo lema dos 3
mosqueteiros: “Um por todos e todos por um”.
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VIOMUNDO 09 de outubro de 2014 13:16
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 09.10.2014 17h34m
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