O
ESPELHO FASCISTA DE MERVAL PEREIRA
Por Theófilo Rodrigues*
Alguns dias atrás escrevi um artigo sobre as razões
pelas quais as grandes empresas brasileiras de comunicação temem a reeleição da
presidenta Dilma Rousseff. (Leia aqui) É
sempre cansativo voltar a um mesmo assunto, mas a coluna de Merval Pereira no
jornal O Globo de hoje obrigou-me a fazê-lo.
Na verdade, Merval Pereira comprovou da pior
maneira possível em sua coluna de hoje que meu argumento estava correto. De
acordo com o porta voz das Organizações Globo o Brasil caminhará para o
fascismo caso Dilma se reeleja, pois será copiado o modelo argentino de
Cristina Kirchner. Seguem as exatas palavras do colunista: “É uma típica ação
fascista, que está sendo usada já há algum tempo na Argentina de Cristina
Kirchner. É neste caminho que vamos, caso Dilma se reeleja”.
Merval conseguiu em sua coluna apresentar a sua
visão estreita sobre o que é a democracia e ao mesmo tempo comprovar que o seu
principal medo é o de que a reeleição de Dilma signifique a aprovação da
“regulação econômica da mídia” nos moldes da “Lei de Meios” da Argentina.
A irritação do colunista partiu de um discurso de
Lula onde o ex-presidente criticou veementemente Míriam Leitão e William
Bonner. Para Merval, a imprensa deve viver dentro de um aquário acima de
qualquer suspeita, de onde jamais poderá ser criticada. Os jornalistas podem
fazer críticas ou mesmo acusações a qualquer pessoa, mesmo sem provas, baseados
apenas em especulações. Já a sociedade civil não pode criticar nenhum
jornalista, pois se o fizer será acusada de atacar a liberdade de imprensa.
Para essa concepção de “democracia mervaliana” é legítimo que uns tenham mais
liberdade de expressão do que outros.
Mas curioso mesmo foi Merval ter admitido com todas
as letras de onde vem o seu maior temor: que a reeleição de Dilma represente a
implementação do modelo argentino de Cristina Kirchner no Brasil. Qual modelo
argentino? O modelo da regulação econômica da mídia que acaba com a propriedade
cruzada das empresas de comunicação, ou seja, com o monopólio da informação.
Dilma já disse reiteradamente durante a campanha que se for reeleita o fará. E
Merval, em nome de sua empresa, não consegue aceitar isso…
Para onde olha, Merval grita: “Fascista, fascista,
fascista!”. O colunista só não percebeu o óbvio: está trancado dentro de uma
sala de espelhos.
*Theófilo Rodrigues é cientista político.
O CAFEZINHO 22 de outubro de 2014
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 22.10.2014 14h16m
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