COM CHICO E LOBÃO, PT E PSDB AMPLIAM DIFERENÇAS
Adesões
de estrelas da MPB e professores da academia ganham peso renovado na eleição
que termina domingo; PT de Dilma Rousseff apostou no peso de Chico Buarque e na
mobilização da classe para influenciar camadas médias da população; PSDB
de Aécio Neves teve declaração a favor de Lobão e promoveu desfile de cantores
sertanejos no horário político, de olho no voto do campo; organicidade petista
no setor favorece Dilma na reta final
Não é em toda a eleição que a
influência de artistas conhecidos nacionalmente se manifesta. Nas Diretas Já,
equivalente a uma campanha eleitoral, em 1984, eles estiveram na linha de
frente. Tiveram peso, com a cantora Fafá de Belém e o ícone Milton Nascimento,
na corrida de Tancredo Neves ao Colégio Eleitoral. Nas três eleições frustradas
de Lula, a militância de nomes como Lucélia Santos e Gonzaguinha não alcançou
um resultado positivo. Com a permissão de comícios com shows pagos pelos
organizadores, fortunas dos partidos políticos foram gastas no mundo dos
sertanejos e do axé. As duas eleições de Fernando Henrique foram embaladas por
muita música popular. Este ano, as regras não permitem pagamento a artistas em
troca e som, simpatia e apoio – por isso mesmo, a influência das estrelas do
mundo do entretenimento e da cultura nunca foi tão grande como nesta eleição de
2014.
Em seu
comerciais no horário político, a campanha do PSDB vem exibindo uma tropa de
artistas populares, de Leonardo a Zezé de Camargo e Luciano, com direito a
jingle extraído de sucesso da baiana Ivete Sangalo. Se não acreditasse que
artistas podem render votos, os tucanos não concederiam mais de dois minutos de
tevê, como têm feitos, para divulgar depoimentos deles.
Nesse
campo, porém, quem está se sobressaindo é a candidata do PT, Dilma Rousseff. Na
noite da segunda-feira 20, no palco do emblemático Tuca, em São Paulo, artistas
e intelectuais se reuniram à volta da candidata e do ex-presidente Lula como
uma expressão de classe. Mais que nomes fortes, como o de José Celso Martinez
Corrêa, os que estavam ali assim como, antes, acontecera em torno de Dilma no
Rio de Janeiro, o fizeram de maneira organizada. Fizeram um movimento claro
para influenciar, em bloco, o voto dos que ficaram do lado de fora.
Até
esse ponto, uma declaração de voto, das muitas que têm aparecido nesta eleição
– numa característica não apresentada, com a dimensão atual, em anteriores –
fez a diferença: Chico Buarque de Hollanda.
Neste
segundo turno, um depoimento curto dele, mas sem meias palavras, pode ter
contribuído para a quebra do gelo, na classe média, em relação a Dilma. Sempre
procurado a cada eleição, o depoimento de Chico ganhou desta vez, até mesmo
pelo contraste em relação aos apoios de Aécio nessa área – o ex-roqueiro Lobão,
por exemplo – mais valor.
Atos
como as reuniões com artistas e intelectuais em São Paulo e no Rio e a
exploração do depoimento de Chico em dois momentos distintos no horário
eleitoral também mostram que a campanha do PT tratou de dar importância a esse
campo. Parece estar funcionando. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada ontem,
a presidente está se recuperando na faixa de renda entre 2 e 10 salários
mínimos. Ela tem a predominância sobre zero a dois salários e perde longe para
Aécio na faixa de acima de salários.
BRASIL 247 21 de outubro de 2014 12:57
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 21.10.2014 13h41m
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