REELEITA, DILMA CLAMA POR
PAZ, UNIÃO E MUDANÇAS
"Agradeço, do fundo do mundo do meu
coração, ao militante número 1 das causas do povo brasileiro: o presidente
Lula", disse a presidente Dilma Rousseff, em seu discurso da vitória; com
as urnas apuradas, ela teve 51,6% dos votos, contra 48,4% de Aécio Neves;
"Não acredito que essas eleições tenham dividido o Brasil ao meio. Entendo
que elas mobilizaram emoções contraditórias, mas movidas por um sentimento
comum: a busca de um futuro melhor"; depois de clamar por paz e
união, ela afirmou ainda que resultados apertados nas urnas podem promover
mudanças mais rápidas e mais profundas; "sei do poder que cada presidente
tem de liderar as grandes causas populares. E eu o farei", disse Dilma,
num discurso histórico, de arrepiar, em que ela colocou como prioridade de seu
segundo mandato a reforma política
Aos
gritos de olê, olê, olá, Dilma foi recebida por militante do PT em São Paulo.
Seu primeiro agradecimento foi ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em
seguida, ao vice Michel Temer e a sua esposa Marcela. Depois, vieram os
presidentes dos partidos que a apoiam, começando por Rui Falcão, do PT.
Eis trechos de sua fala:
"Chegamos ao final de uma disputa
que mobilizou todas as forças dessa Nação. Tenho palavras de agradecimento e
conclamação. Agradeço a meu vice e aos partidos que sustentaram nossa aliança.
Agradeço a cada um e a cada uma dos integrantes dessa militância combativa, que
foi a alma e a força dessa vitória. E agradeço a todos os brasileiros e
brasileiras.
Agradeço, do fundo do mundo do meu
coração, ao militante número 1 das causas do povo brasileiro: o presidente
Lula. Conclamo a todos os brasileiros e brasileiras a nos unirmos. Não acredito
que essas eleições tenham dividido o Brasil ao meio. Entendo que elas
mobilizaram emoções contraditórias, mas movidas por um sentimento comum: a
busca de um futuro melhor.
Em lugar de ampliar divergências, creio
que é hora de construção de pontes. O calor liberado no fragor da disputa pode
ser transformado em energia construtiva de um novo momento no Brasil. Em alguns
momentos da história, resultados apertados produziram mudanças mais rápidas e
mais amplas. Essa é minha esperança. Aliás, é minha certeza. Esta presidenta
aqui está disposta ao diálogo e este é meu primeiro compromisso neste segundo
mandato. Toda eleição é uma forma de mudança. Principalmente para nós, que
vivemos numa das maiores democracias do mundo.
Quero ser uma presidenta muito melhor
do que fui até agora. Quero ser uma pessoa ainda melhor do que tenho me
esforçado por ser. A palavra mais dita foi mudança. O tema mais amplamente
invocado foi reforma. Estou sendo reconduzida à presidência para realizar as
grandes mudanças que a sociedade brasileira exige. Estou pronta a responder a
essa convocação. Sei do poder que cada presidente tem de liderar as grandes
causas populares. E eu o farei."
Em
seguida, Dilma defendeu o plebiscito pela reforma política. "Quero
discutir esse tema profundamente com o novo Congresso Nacional e com toda a
sociedade brasileira".
Com
as urnas apuradas, a presidente Dilma Rousseff teve 51,6% e Aécio Neves 48,4%.
Ela venceu no Norte, no Nordeste, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e perdeu
em São Paulo.
O
resultado é muito semelhante ao da pesquisa Datafolha, que apontou vitória de
Dilma por 52% a 48%.
Com
a vitória, o Partido dos Trabalhadores, que foi criado em 1980, terá um ciclo
de 16 anos no poder.
Abaixo, reportagem da Agência Brasil:
Luana Lourenço e Sabrina Craide – Repórteres da
Agência Brasil
Com
97,62% das urnas apuradas, a atual presidenta da República, Dilma Rousseff
(PT), tem 51,38% dos votos válidos e está matematicamente reeleita para o cargo.
O candidato Aécio Neves (PSDB) tem 48,62% dos votos válidos até o momento.
Mineira
de Belo Horizonte, Dilma Rousseff, tem 66 anos, é economista formada pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem uma filha e um neto. Foi
reeleita hoje (26), junto com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), com o
apoio da coligação formada por PT, PMDB, PDT, PCdoB, PR, PP, PRB, PROS e PSD.
No primeiro turno, Dilma ficou em primeiro lugar, com 43.267.668 votos (41,59%
dos votos válidos).
Filha
de um imigrante búlgaro e de uma professora do interior do Rio de Janeiro,
Dilma viveu em Belo Horizonte, capital mineira, até 1970, onde integrou
organizações de esquerda, como o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a
Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Foi presa em 1970 pela
ditadura militar e passou quase três anos no Presídio Tiradentes, na capital
paulista, onde foi torturada.
Em
1973, mudou-se para Porto Alegre, onde construiu sua carreira política. Na
capital gaúcha, Dilma dedicou-se à campanha pela anistia, no fim do regime
militar, e ajudou a fundar o PDT no estado. Em 1986, assumiu seu primeiro cargo
político, o comando da Secretaria da Fazenda de Porto Alegre, convidada pelo
então prefeito Alceu Collares.
Com
a redemocratização, Dilma participou da campanha de Leonel Brizola à
Presidência da República em 1989. No segundo turno, apoiou o então candidato
Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 1993, Dilma assumiu a Secretaria de Energia,
Minas e Comunicação do Rio Grande do Sul, cargo que ocupou nos governos de
Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).
Em
2000, Dilma filiou-se ao PT e, em 2002, foi convidada a compor a equipe de transição
entre os governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Quando
Lula assumiu, em janeiro de 2003, Dilma foi nomeada ministra de Minas e
Energia, onde comandou a reformulação do marco regulatório do setor. Em 2005,
ainda no primeiro governo Lula, Dilma assumiu a chefia da Casa Civil,
responsável até então por projetos como o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) e o Minha Casa, Minha Vida.
Dilma
deixou a Casa Civil em abril de 2010 e, em junho do mesmo ano, teve sua
candidatura à Presidência da República oficializada. Venceu sua primeira
eleição no segundo turno, contra o candidato do PSDB, José Serra, com mais de
56 milhões de votos.
Em
um governo de continuidade, Dilma manteve e ampliou programas sociais da gestão
Lula e implantou iniciativas que levaram à redução da pobreza, da fome e da
desigualdade. Criou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec) e ampliou programas de empreendedorismo. Também implantou um
programa de concessões para obras de infraestrutura e logística, muitas ligadas
à realização da Copa do Mundo. Em um governo marcado por episódios de
corrupção, Dilma chegou a demitir seis ministros em dez meses, em 2011. A
presidenta reeleita também enfrentou problemas com a economia, com queda no
ritmo do crescimento do país e avanço da inflação.
Leia,
ainda, reportagem da Reuters:
SÃO
PAULO (Reuters) - A
presidente Dilma Rousseff (PT) foi reeleita neste domingo em uma disputa
marcada por reviravoltas e que teve o resultado mais apertado desde a redemocratização,
indicando os desafios que ela terá para unir um Brasil que se mostrou dividido
nas urnas.
A
vitória de Dilma, primeira mulher na Presidência da República, veio
principalmente com votos obtidos no Norte e Nordeste, regiões mais pobres do país
e onde programas sociais como o Bolsa Família têm ajudado a melhorar a vida de
dezenas de milhões de pessoas.
A
petista, que garantiu ao seu partido o quarto mandato consecutivo no governo
central, terá grandes desafios pela frente, como retomar o crescimento
econômico, controlar mais efetivamente a inflação e reconquistar a confiança de
empresários e investidores.
Seu
governo precisará também dar respostas à sociedade sobre a suposta corrupção na
Petrobras e que teria o envolvimento de partidos e políticos da base aliada do
governo, que veio à tona durante a campanha e virou tema de embate, porém sem
força para mudar de forma significativa o voto de eleitores.
Após
98 por cento da apuração, Dilma tinha 51,45 por cento dos votos válidos, contra
48,55 por cento de Aécio, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). Restando 1,87 por cento dos votos a serem apurados, é impossível
matematicamente para o tucano alcançar a petista.
Dilma
tinha 53,3 milhões de votos e Aécio aparecia com 50,3 milhões. Ainda faltavam
2,7 milhões de votos a serem apurados.
A
última parcial do TSE apontava para um resultado final agora mais estreito em
termos percentuais do que foi a vitória de Fernando Collor de Mello (PRN)
contra o petista Luiz Inácio Lula da Silva em 1989, quando o primeiro foi
eleito com 53,03 por cento dos votos válidos.
A
eleição deste ano foi marcada pela imprevisibilidade, com Dilma tendo visto sua
chance de reeleição ameaçada por dois candidatos diferentes ao longo da
campanha, primeiro por Marina Silva (PSB), terceira colocada na votação de 5 de
outubro, e depois por Aécio.
BRASIL 247 26 de outubro de 2014 22:23
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 27.10.2014 05h46m
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