GOVERNO
DE MINAS NÃO DIVULGA SEUS GASTOS COM RÁDIOS DE AÉCIO
O governo de Minas Gerais se
recusou várias vezes nos últimos anos a divulgar informações sobre despesas que
realizou para veicular publicidade oficial em três rádios e um jornal
controlados pela família do presidenciável tucano Aécio Neves, que governou o
Estado de 2003 a 2010.
Embora
reconheça que as empresas da família receberam verbas de publicidade no período
em que Aécio era governador, o que não é vedado pela legislação, o governo
estadual, que continua sob controle de aliados do tucano, diz não ser possível
saber quanto cada veículo recebeu.
Aécio e
sua família controlam a rádio Arco Íris, retransmissora da Jovem Pan em Belo
Horizonte, e as rádios São João e Colonial, de São João del Rei, além do
semanário “Gazeta de São João del Rei”. Aécio é sócio da Arco Íris com a irmã mais
velha, Andrea, e a mãe, Inês Maria Neves Faria.
ANDREA
NEVES
Quando o
irmão era governador, Andrea Neves coordenava um grupo de assessoramento do
governo que tinha como atribuições “estabelecer diretrizes para a política de
comunicação” e “manifestar-se previamente sobre a relação de despesas com
publicidade”, de acordo com o decreto que o regulamentou.
Em 2011,
o PT pediu que o Ministério Público investigasse a publicidade nas empresas da
família. O governo mineiro informou à Folha na época que a rádio Arco
Íris recebera R$ 210.693 no ano anterior e disse que faria um levantamento
detalhado sobre os gastos desde 2003, mas jamais ofereceu esses dados.
Em junho
deste ano, a Folha voltou a questionar o Estado, com base na Lei de
Acesso à Informação. Não houve resposta. O governo só respondeu após um segundo
pedido de informações. “Não dispomos, de pronto, das informações tal como
solicitadas, por tipo de mídia e por veículo de comunicação”, disse, por
escrito. “O sistema não é organizado dessa forma”.
PADRÕES
O governo
diz ter condições de saber quanto gasta com as agências que cuidam dos seus
anúncios, mas não os valores repassados a cada veículo que os divulga. Mesmo
assim, o governo afirma que não houve favorecimento às empresas da família de
Aécio e que os repasses nunca destoaram dos padrões de mercado. Procurada, a
assessoria da campanha do PSDB preferiu não se manifestar.
As
respostas do governo mineiro contrastam com o padrão adotado pelos petistas no
governo federal. A Secretaria de Comunicação da Presidência da República
divulga na internet todos os pagamentos de órgãos da administração direta a
veículos de comunicação desde 2009.
Em 2012,
após pedido apresentado pela Folha com base na Lei de Acesso, o
governo do Estado de São Paulo forneceu informações detalhadas sobre pagamentos
feitos desde 2007. O governo federal não divulga os gastos das empresas
estatais, assim como os governos estaduais.
AUMENTO
DE 300%
Os gastos
de Minas Gerais com publicidade oficial aumentaram em 300% durante o governo
Aécio. Entre 2003 e 2010, último ano do seu segundo mandato, houve um salto de
R$ 24 milhões para quase R$ 96 milhões, em valores corrigidos pela inflação.
A
investigação aberta pelo Ministério Público Federal a pedido do PT em 2011 não
chegou a lugar nenhum.
O caso
foi conduzido pelo então procurador-geral de Justiça, Alceu Marques, que
encerrou a apuração afirmando não ter encontrado nenhuma irregularidade, mesmo
sem ter analisado os valores. Atualmente, ele é o secretário de Meio Ambiente
do governo mineiro.
DCM 14 de outubro de 2014 10:22
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 14.10.2014 10h48m
Nenhum comentário:
Postar um comentário