COMO A FAMÍLIA DE AÉCIO FICOU
DONA DE TERRAS PÚBLICAS EM MINAS
Pai do senador registrou em seu nome uma área de 950
hectares pertencente aos mineiros localizada numa das regiões mais pobres do
estado. Aécio governador entrou em conflito com Aécio herdeiro
por helena
Montezuma é um município mineiro
no norte de Minas Gerais com um dos mais baixos Índices de Desenvolvimento
Humano (IDH) do estado. Deputados, governadores e senadores mineiros poderiam
desenvolver boas políticas públicas para elevar o desenvolvimento local, tais
como incentivar as pequenas propriedades rurais familiares. No entanto o
município é palco de uma triste história do patrimonialismo de oligarquias
políticas do Brasil.
Terras
rurais em Montezuma que foram registradas pelo estado de Minas como devolutas
acabaram indo parar no patrimônio pessoal do senador Aécio Neves (PSDB) após
uma disputa judicial por usucapião da empresa agropecuária de seu pai.
O fim
desta história aparece com o patrimônio do senador engordando na declaração de
bens feita nas eleições de 2014 em relação à de 2010. O segundo maior item de
sua variação patrimonial foi no valor de R$ 666.660,00 referente a cotas da
empresa Perfil Agropecuária e Florestal Ltda., herdadas de seu pai falecido.
Até aí
estaria tudo bem. O problema é quando voltamos ao dia 2 maio de 2000, quando se
iniciou uma disputa para apropriar-se de terras públicas, típica do coronelismo
patrimonialista praticado nos rincões do Brasil arcaico.
A Perfil
Agropecuária e Florestal Ltda. pertencia a Aécio Ferreira da Cunha, pai do
senador tucano. A empresa entrou com processo de usucapião para registrar a
propriedade de vastos 950 hectares de terras em Montezuma, em 2/5/2000. Já soa
injusto a lei permitir que uma empresa de um ex-deputado, que morava desde a
década de 1960 no Rio de Janeiro, ser tratada como se fosse de camponeses
posseiros que adquirem o direito ao usucapião por trabalharem e viverem na
terra. O juizado da comarca de Rio Pardo de Minas julgou a favor da empresa em
2001.
Na hora
de a empresa registrar a fazenda no Cartório de Registro de Imóveis competente,
a área já estava registrada em nome do Estado de Minas Gerais, como terras
devolutas, em cumprimento a outra ordem judicial anterior da Apelação Cível nº
86.106/4.
A partir
daí houve longa disputa judicial, com o estado de Minas recorrendo para ter as
terras de volta. Desembargadores mineiros votaram a favor da família de Aécio.
Recursos chegaram até ao Supremo Tribunal Federal (STF), o último arquivado em
2013, que também foi favorável ao lado do tucano.
É preciso
lembrar que em 2000 o atual senador Aécio Neves era deputado federal pela
quarta vez e deveria representar mais os interesses públicos dos cidadãos de
Minas do que seu próprio interesse privado. De 2003 a 2010 foi governador de
Minas. Presenciamos a inusitada situação política de, na prática, o interesse
do Aécio herdeiro brigar na justiça com o de Aécio governador. O interesse
patrimonial privado do herdeiro falou mais alto do que o interesse público da
população que o cargo de governador deveria representar.
Uma gleba
de 950 hectares de terras devolutas poderia ser a redenção de famílias
camponesas pobres de Montezuma, através da geração de renda pela produção da
agricultura familiar, em vez de apenas somar um pouco mais ao já elevado
patrimônio da oligarquia política dos Neves da Cunha.
Este caso
explica muito das raízes da desigualdade passada de geração para geração e da
concentração das riquezas no Brasil nas mãos de poucos. Muitas destas riquezas
vindas de um processo de apropriação de patrimônio público por mãos privadas,
justamente pelas mãos de quem deveria defender o interesse e o patrimônio
público.
Operação
Grilo
O caso é
outro e não aparece a família de Aécio Neves no meio das acusações, mas sim
órgãos do governo tucano de Minas e velhas práticas de outras oligarquias
políticas. Em 2011 a Operação Grilo prendeu nove pessoas acusadas de comporem
uma organização criminosa para fazer grilagem de terras públicas justamente nesta
região norte de Minas Gerais. Toda a cúpula do Instituto de Terras do Estado de
Minas Gerais (Iter-MG) foi afastada.
Segundo
as investigações, o esquema contava com servidores públicos do Iter/MG,
funcionários de cartórios e servidores de prefeituras mineiras, para fraudar a
posse de terras devolutas.
O
promotor Daniel Castro, de Rio Pardo de Minas, disse na época: "São terras
que pertencem ao estado de Minas Gerais e foram parar nas mãos de
particulares."
As
reproduções abaixo mostram a documentação que legitimou a posse de terras da
União para a família Neves
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REDE BRASIL ATUAL 20 de julho de 2014 11:52
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 10.10.2014 14h55m
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