TRABALHO ESCRAVO FINANCIOU 61 CANDIDATOS
Aécio Neves, cinco candidatos ao governo e seis
ao Senado foram bancados entre 2002 e 2014 por empresas na ‘lista suja’ do
Ministério do Trabalho
Empresas flagradas com trabalhadores em situação análoga à
escravidão doaram dinheiro a 61 candidatos que disputam a eleição deste ano.
Outros seis candidatos são, eles próprios ou suas famílias, donos de empresas
que submeteram trabalhadores a esta situação. O
levantamento foi feito pela ONG Transparência Brasil e considera todas as
doações feitas a estes políticos entre 2002 e este ano, levando em conta a
prestação de contas parcial divulgada no início de setembro pelos candidatos.
O único candidato à presidência
na lista da instituição é Aécio Neves (PSDB). Os candidatos ao governo são
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Fernando Pimentel (PT-MG), Marconi Perillo
(PSDB-GO), Tião Viana (PT-AC) e Wellington Dias (PT-PI). Entre os postulantes
ao Senado, estão na lista Antônio Anastasia (PSDB-MG), Helenilson Pontes
(PSD-PA), Mário Couto (PSDB-PA), Paulo Rocha (PT-PA), Perpétua Almeida (PC do
B-AC) e Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Conheça a íntegra da lista e das
doações recebidas clicando aqui.
Os partidos com o maior número de
candidatos financiados por estas empresas são o PSDB, com 11, o PT, com 10, e o
PSD, com 8. A lista ainda pode aumentar com as novas doações, já que a
totalidade delas só será conhecida após a eleição, em novembro deste ano.
Já os candidatos que a família possui empresas onde foram
flagrados casos de trabalho escravo são: João Lyra (PSD-AL), Camilo Cola
(PMDB-ES), Urzeni Rocha (PSD-RR), Camilo Figueiredo (PR-MA), Camilo Figueiredo
Filho (PC do B-MA) e Janete Riva (PSD-MT), que anunciou sua candidatura após a
renúncia do marido, José Riva (PSD-MT), barrado pela Lei da Ficha Limpa.
As empresas da lista que mais financiaram campanhas foram a
Laginha, com R$ 4.371.006, a Marabá, com R$ 3.047.310, e a Eplan, com R$
872.410.
Metodologia
A organização cruzou os dados de seus projetos sobre doações
eleitorais (Quem Quer Virar e Às Claras) com a ‘lista suja’,
divulgada semestralmente Ministério do Trabalho e Emprego. A lista do
ministério inclui empresas e cidadãos em cuja propriedade tenha havido a
identificação de trabalhadores submetidos ao trabalho escravo. A Transparência
Brasil também buscou os nomes de donos, sócios e administradores à época do
flagrante entre os doadores.
O Código Penal considera trabalho
análogo a escravidão “a submissão de empregados a trabalhos forçados ou jornada
exaustiva, condições materiais ou psicológicas degradantes (violando sua
dignidade e seus direitos fundamentais), restrição de locomoção (como
cerceamento de meios de transporte e retenção de documentos ou objetos
pessoais), servidão por dívida e vigilância ostensiva a fim de reter o
empregado no local.”
Atualmente, deputados e senadores
tentam afrouxar o conceito de
trabalho escravo descrito no código. Este movimento é uma
reação à aprovação de uma emenda à constituição que destina à reforma agrária
(no campo) ou à moradia (na cidade) os locais onde forem encontrados
trabalhadores escravos.
Carta Capital 02 de outubro de 2014 05:45
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 06.10.2014 06h47m
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