RACISMO PAULISTA DE FHC:
DOS MARMITEIROS AOS 'GROTÕES MAL INFORMADOS'
Quando a população nordestina, pobre, abandonada,
inclusive pelo governo de FHC, votava majoritariamente na direita – na Arena,
no PFL e no seu sucessor, o DEM –, não era considerada 'mal informada'
por Emir Sader
A elite brasileira – cujo setor
mais significativo vive em São Paulo – nunca engoliu o Getúlio Vargas, nem o
Lula, como expressões de amplos setores populares que saem do seu controle.
Perderam sempre do Getúlio e perdem sempre do Lula.
Aí apelam
para a discriminação e o racismo. Nos anos 1950, a UDN chegou a propor o voto
qualitativo. Onde se viu o voto de um engenheiro valer o mesmo que o voto de um
operário, oras? Um valeria 10, o outro valeria 1. Cansados de perder para a
maioria trabalhadora, queriam mudar as regras do liberalismo que eles mesmo
pregavam, para ver se tinham melhor sorte.
Quanto à
linguagem, naquela época um político, Hugo Borghi, qualificou os trabalhadores
que votavam no Getúlio como “marmiteiros”, de forma depreciativa para quem
levava comida de casa para o trabalho. Era a forma de discriminar os
trabalhadores vinda da parte de quem nem trabalhava, menos ainda conhecia o que
era uma marmita.
O Getúlio
assumiu a expressão, que passou a ser usada positivamente, identificando
marmiteiro com trabalhador.
A relação
dessa elite com o Lula reproduz, em termos cotidianos, o mesmo tipo de clichê e
de discriminação. Por um lado, tenta passar a ideia de que os setores populares
que votam no PT foram subornados pelo Bolsa Família e por outras políticas do
governo, da mesma forma que se fazia em relação ao salário mínimo na época do
Getúlio.
Agora FHC
vem falar de gente “dos grotões, mal informados”, que por essa razão não se
renderiam às denúncias e aos argumentos tucanos e seguiriam votando no PT.
Aponta ele certamente para a população nordestina e as populações das
periferias urbanas, beneficiárias de políticas sociais ou detentoras de um
posto de trabalho assalariado e que votam concentradamente nos candidatos que
sentem identificados com o efeito dessas políticas em suas vidas.
Anteriormente,
quando essa população nordestina, totalmente abandonada, inclusive pelo governo
de FHC, votava majoritariamente na direita – na Arena, no PFL e no seu
sucessor, o DEM –, não era considerada “mal informada”. Quando começa a
despertar sua consciência, aparecem essas formas discriminatórias.
Como não
leem ainda os artigos do FHC, ficam mal informadas, se deixam enganar,
subornar, ser instrumentalizadas pelo governo e pelos partidos de esquerda.
Quando a informação chegar devidamente a esses grotões, eles reconhecerão que o
melhor governo que o Brasil já teve foi o do FHC, os que o sucederam foram
empulhações, que distribuíram migalhas, para enganar ao povo.
Reproduz-se
assim o velho sentimento elitista da contrarrevolução de 1932, que tem como
ícones, até hoje venerados pela elite paulista, os bandeirantes – caçadores de
índios – e Washington Luís, famoso por achar que “a questão social é questão de
polícia”.
REDE BRASIL ATUAL 06 de outubro de 2014 17:33
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 07.10.2014 06h04m
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