A PRIMEIRA BAIXARIA DA NOVA CAMPANHA FOI A ‘HOMENAGEM’
DE AÉCIO A EDUARDO CAMPOS
por Paulo Nogueira
A primeira baixaria da campanha
do segundo turno veio na forma de uma suposta homenagem.
Aécio
reverenciou, aspas, a memória de Eduardo Campos no discurso em que comemorou
sua passagem para a fase final das eleições.
Vamos
chamar as coisas pelo nome certo. O que Aécio fez foi exploração de cadáver com
objetivos eleitoreiros.
O que ele
deseja, muito mais que evocar o “amigo morto”, são os votos dos simpatizantes
de Campos.
Segundo a
colunista Mônica Bergamo, da Folha, a viúva Renata Campos está prestes a
declarar apoio a Aécio.
Aécio
poderia ter homenageado verdadeiramente Eduardo Campos se houvesse tomado sua
imediata defesa quando o nome do candidato morto apareceu, levianamente, no
noticiário das denúncias do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Mas não.
Calou-se. Pior: tratou as afirmações de Costa como verdades absolutas, muito
antes de qualquer investigação.
Isso
apenas ajudou a manchar a imagem de Eduardo Campos.
Agora,
quando Campos poderia enfim começar a descansar em paz, eis que Aécio invade
seu túmulo e tenta trazê-lo para o centro do debate eleitoral.
Quase tão
bizarra quanto a “homenagem” de Aécio a Campos foram declarações do vice de
Marina em seu Twitter.
Beto
Albuquerque, num espasmo de machismo gaúcho, disse que não é homem de levar
desaforo para casa.
Como
Marina, ele se fazia de vítima dos ataques do PT.
Não tenho
procuração para defender o PT, de quem sequer sou eleitor.
Mas
queria entender como Marina, que chegou chamando continuamente Dilma e o PT de
símbolos da “velha política”, num tom de estrepitoso insulto, tem coragem de se
dizer “ofendida”.
O que ela
esperava? Que Dilma a elogiasse e aplaudisse como ícone da “nova política”?
Marina
bateu de cara. Antes dela, Campos fizera o mesmo. Desqualificou Dilma desde o
início: disse que era a primeira vez em décadas que um presidente entregaria um
país pior do que recebeu.
Chegou a
fazer uma piada duvidosa que remetia à eliminação do Brasil na Copa. Dilma
estava levando o Brasil a perder de 7 a 1 mais uma vez, disse Campos: 7 de
inflação e 1 de crescimento do PIB.
Com tudo
isso, Beto Albuquerque se faz de vítima?
Pausa
para rir, ou chorar.
Temos uma
situação curiosa no Brasil. A oposição diz que o país vai acabar se Dilma
vencer.
Isso não
é terrorismo. É advertência, talvez.
Dilma diz
que os mais humildes ficarão desprotegidos se a direita ganhar. Isso é
terrorismo.
O tributo
fajuto de Aécio e o choro patético de Albuquerque receberam, posteriormente, um
complemento notável de FHC.
Os
eleitores do PT são desinformados, segundo o sábio FHC. Provavelmente porque não
concordam com a alta filosofia contida no noticiário da Veja, e da Globo, e do
Estadão, e por aí vai.
FHC
chamou também Dilma de gorda. E ei-lo defendendo uma campanha altiva, elevada,
de ideias.
Sêneca
disse que ao se lembrar de certas palavras que usara tinha inveja dos mudos. O
mesmo vale para FHC.
DCM 06 de outubro de 2014
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 07.10.2014 06h13m
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