ASSIM NASCEU O SINPROCAPE

ASSIM NASCEU O SINPROCAPE - Em 06 de Março de 1987 foi fundada na cidade de Caruaru-PE, através do Propagandista Vendedor Sr. Pedro Tiago de Moura, a Associação dos Vendedores e Viajantes Propagandistas de Caruaru, neste mesmo ano, foi realizada uma consulta na Delegacia do Trabalho, tendo a frente o delegado Sr. Gentil Miranda, de como proceder para transformar a mesma em Sindicato, após várias consultas e procedimentos, no dia 02 de Abril de 1989 foi fundado o SINPROCAPE que nos dias atuais dispõem de sede própria na Rua Benjamin Larena, 169 – Bairro Divinópolis-Caruaru, Pernambuco, e assim continuamos trabalhando em prol de nossa categoria como nosso lema propõe : “UNIÃO E COMPROMISSO” .

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

SILÊNCIO TOTAL NA DITADURA: PELO EXÉRCITO E PELO ESTADO DE SÃO PAULO
por Patricia Faermann




Desde que o comandante do Exército, o general Enzo Peri, impôs silêncio a todos os quartéis para não colaborarem com as Comissões da Verdade e com as investigações do Ministério Público Federal sobre as violências praticadas durante o regime militar, o sigilo foi estendido a uma ordem geral. A Defensoria Pública paralisou os trabalhos e a Polícia Técnico-Científica esconde documentos do IML (Instituto de Médico Legal).
“O governo do Estado não abre os arquivos do IML. Nós temos documentos de mortos e desaparecidos, copiados de laudos da polícia civil do IML e que agora não existem mais. Tem coisa mais grave que isso? Quer dizer, os documentos existiam, copiamos anos atrás, e agora nós não achamos nem na Polícia [Técnico-Científica], nem no arquivo".
"E o pior é que tem outra péssima notícia. A Defensoria do Estado de São Paulo estava fazendo um trabalho maravilhoso de mudança dos atestados de óbito dos mortos e desaparecidos paulistas. Até isso parou. Até isso”, disse o deputado estadual Adriano Diogo, fundador e presidente da Comissão da Verdade do Estado Rubens Paiva, ao Jornal GGN.
Quando perguntado se considerava que a paralisação e a omissão eram reflexos da ordem de silêncio das Forças Armadas, Adriano Diogo respondeu: “Acredito, acredito, acredito. Infelizmente”.
Recentemente Diogo foi recebido pelo Secretário de Segurança Fernando Grella, que se dispos a apurar as suspeitas do deputado. No entanto, Diogo não dispunha de mais dados que permitissem uma busca nos arquivos do estado.
A ação da Defensoria Pública era para ser mesmo notória. Foi um acordo com a Comissão, o Ministério Público e a Justiça de São Paulo, em março deste ano, para modificar os registros que constavam outras explicações para as mortes, a fim de omitir a responsabilidade das Forças Armadas nos assassinatos.
As primeiras retificações ocorreram a pedido da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e determinadas pela Justiça. Os laudos de óbito do jornalista Vladimir Herzog e do estudante Alexandre Vannucchi já foram corrigidos, assim como do militante comunista João Batista Franco Drummond, após solicitação da família.
Os atestados originais de Herzog e de Vannucchi traziam a causa suicídio. O jornalista teve a modificação de sua morte registrada por “lesões de maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP (Doi-Codi)”, em 1975, aos 38 anos. O estudante da USP e militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) também teve sua correção: “lesões decorrentes de tortura e maus-tratos”.
A boa notícia das mudanças nos laudos, que são registros da história do país, durou pouco.
A expectativa era que os 164 casos de mortos e desaparecidos políticos paulistas conquistassem a retificação. Entretanto, até o momento, apenas 5 ações de modificações foram propostas pela Defensoria.
Ainda que já se passaram seis meses desde que o acordo foi fechado, o órgão alega que houve pedido do Ministério Público para anexação de mais documentos para essas 5 ações. Os referidos arquivos foram juntados aos processos na semana passada, “diante da determinação judicial”, afirmou a Defensoria do Estado, em nota oficial.
“A Defensoria Pública de SP continua atuando nos processos referentes à mudança/retificação dos atestados de óbito dos mortos e desaparecidos durante a ditadura militar (...) e realiza a instrução de outros casos para que sejam propostas novas ações”, respondeu.
O órgão informou que “dada a relevância do assunto, os processos estão sendo acompanhados diretamente pelo Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos”.
A denúncia de que os documentos, laudos e exames do Instituto Médico Legal de São Paulo dos mortos pela ditadura desapareceram é ainda mais grave.
Tais registros não apenas são as únicas respostas e arquivos que familiares poderiam ter, como são indispensáveis para o avanço das investigações das quais as Comissões lutam para se chegar: “o Brasil começou a mudar, porque se parou de falar das vítimas para falar de quem produziu essas vítimas. E um dia nós vamos chegar à Justiça”, disse o deputado.
O Jornal GGN entrou em contato com a Superintendência da Polícia Técnico-Científica, que confirmou o envio de uma resposta. Mas até as 18 horas desta quinta-feira (11), não emitiram um posicionamento.
Segundo Adriano Diogo, tudo teve início com a exigência do comandante do Exército em 25 de fevereiro deste ano. O ofício do comando veio a público pelo subdiretor do Hospital Central do Exército (HCE), coronel Rogério Pedroti, que utilizou a carta para negar um pedido do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro.
No ofício, Enzo Peri determina que qualquer solicitação sobre as mortes e desaparecimentos durante o regime da ditadura deve ser respondida, exclusivamente, por seu gabinete, sem direito a palavra qualquer unidade militar, independente de onde vierem as demandas: pelo “poder Executivo (federal, estadual e municipal), Ministério Público, Defensoria Pública e missivistas que tenham relação ao período de 1964 e 1985”, diz o documento.
“Eu acho que a presidente da República devia demiti-lo [o general] por incitar a indisciplina, a rebeldia e o ocultamento dos cadáveres em plena época da Comissão da Verdade. Eu acho que ele a afrontou [a presidente], e todo o povo brasileiro”, afirmou o fundador da Comissão Rubens Paiva.
“[Tudo está] relacionado com a frase do ministro do Exército: cale-se tudo. Os [militares] da ativa ou da reserva, ‘só eu falo pelas Forças Armadas’”, concluiu Adriano.
No final de agosto, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro sinalizou que iria pedir à Procuradoria Geral da República     que ingressasse com representação contra Enzo Peri, o que veio a se concretizar na última semana.

Além do ofício, os procuradores denunciam que o Exército tem prestado “informações falsas ou incompletas” sobre o histórico funcional de militares durante a ditadura, e suspeitam de crime de falsidade ideológica, sonegando folha de alterações do general Jose Antonio Nogueira Belham, acusado de homicídio e ocultação de cadáver do ex-deputado Rubens Paiva.
Outro aval para a forma como as Forças Armadas tem se posicionado foi o relatório do Exército, Marinha e Aeronáutica, depois de uma investigação interna solicitada pela Comissão Nacional da Verdade, concluindo que não houve desvio de finalidade no uso das instalações militares, negando as práticas de tortura e graves violações de direitos humanos.
Desde então, militares têm faltado às convocações das Comissões, justificando com atestados médicos, encaminhando respostas hostis, e aqueles que compareceram mantiveram-se em silêncio.


JORNAL GGN 11 de setembro de 2014  às 20:39
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 12.09.2014  08h52m

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