MOVIMENTOS SOCIAIS CONVOCAM MARCHA POR REFORMAS E 'CONTRA A DIREITA'
Para professor da Fundação Getúlio Vargas, PSDB e setores
da mídia reencarnam o Lacerdismo, discurso golpista da década de 50
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Coletivo Juntos
promovem nesta quinta-feira (13) a partir das 17h, no Vão do Masp, na avenida
Paulista, a “Marcha Popular pelas Reformas, contra a Direita, por mais
Direitos!”. Para o cientista político Francisco Fonseca, são os movimentos
sociais, organizados de baixo para cima, que têm legitimidade para defender as
instituições democráticas e lutar por direitos sociais e de cidadania.
O pedido de recontagem de votos por parte do PSDB, as manifestações que
reivindicam a volta da ditadura e o pedido de impeachment da presidenta Dilma
Rousseff (PT), a violência contra militantes de esquerda e a esforço golpista
por parte da grande mídia, em especial da revista Veja, são componentes de um
quadro que cheira ao passado, na opinião do cientista político. “Um passado do
qual não temos a menor saudade” e que, na opinião do professor da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), se "assemelha ao Lacerdismo."
O Lacerdismo faz referência ao líder político da antiga União
Democrática Nacional, partido que, de democrático, não tinha nada, pois, na
década de 50, a cada derrota nas urnas, a UDN, batia às portas dos militares,
tentando impedir a eleição de Getúlio Vargas, por exemplo, e foi um dos
incentivadores do golpe do 1964, que instalou uma ditadura civil-militar que
vigorou por 21 anos.
Para Francisco Fonseca, nas últimas eleições, o PSDB incorpora e ressuscita
o discurso da UDN, quando o candidato Aécio Neves utiliza na campanha a
expressão ‘mar de lama’, cunhada por Carlos Lacerda e, ao se prestar ao papel
de porta-vozes de determinados grupos de elite e da classe média que se
insurgem contra as mudanças promovidas pela mobilidade social ocorrida nos
últimos anos, como a democratização do acesso a espaços públicos, de aeroportos
às universidades.
O professor analisa que o PSDB é um partido que teve origem nas classes
médias urbanas, moderno, fundado em princípios, mas que “vem fazendo uma
trajetória que nega completamente a socialdemocracia, que dá nome ao partido” e
que, hoje, “faz uma trajetória da centro-esquerda para a centro-direita e para
a direita” e se posiciona contra avanços em direitos sociais, em temas como o
aborto ou na proposta de redução de maioridade penal.
Segundo Fonseca, o partido contribui negativamente com a democracia ao
estimular tal discurso conservador nos setores de classe média, que não deve
ser entendida como conservadora por definição e por não ter um projeto de
nação.
O cientista político destaca ainda a necessidade de se promover uma
reforma nos meios de comunicação em busca de maior pluralidade e que se reveja
o critério de concessão de rádio e televisão, e a distribuição de publicidade
oficial para veículos que, abertamente, se manifestam contra a democracia e
fomentam "o discurso golpista."
Ele conclui retomando a necessidade de mobilização popular para
instituir tais reformas e resistir ao avanço do discurso conservador:
“Tudo isso está presente nesta postura de vencer esse debate público da
democracia contra o autoritarismo, dos direitos sociais contra o elitismo. É
isso que está em jogo. Se o Brasil, hoje, é uma democracia, essa democracia
passa pelos movimentos sociais”, afirma o professor Francisco Fonseca.
REDE BRASIL ATUAL 11 de novembro de 2014 15:34
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 11.11.2014 18h14m
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