EMPREITEIRAS DO LAVA JATO E O BURACO DO METRÔ EM SÃO PAULO
por Miguel do
Rosário
Os procuradores que foram à Suíça buscar os
documentos oferecidos pelo Ministério Público de lá, com informações ligadas ao
escândalo da Petrobrás, estão de parabéns.
Merecem
o destaque que tiveram na grande mídia.
Nada
como termos um Ministério Público atuante, vigilante e corajoso, enfrentando os
poderosos.
É
de se lamentar, todavia, que, no caso do cartel dos metrôs em São Paulo,
conhecido como o trensalão, a postura tenha sido diametralmente oposta.
Ninguém
foi à Suíça pegar documentos.
A
Suíça enviou documentos ao Brasil, e os mesmos foram “esquecidos” numa gaveta
do MP federal de São Paulo.
O
procurador que esqueceu os processos numa gaveta acaba de ser perdoado por
Gilmar Mendes.
É
bom lembrar que o trensalão tem conexões com o escândalo das empreiteiras,
porque são elas que abrem os buracos e fazem as obras.
O
Consórcio Via Amarela, formado pelas empreiteiras Odebrecht, OAS, Camargo
Corrêa, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, era responsável pelas obras.
Em
12 de janeiro de 2007, um buraco gigante se abre em São Paulo, matando 7
pessoas, ferindo outras tantas e destruindo centenas de casas.
Ninguém
foi punido até agora.
E
olha que morreu gente, e tratava de um problema ainda maior do que pagar
propina a funcionário de estatal.
O
problema de usar material de baixa qualidade para fazer as obras.
Neste
caso, nem sei se podemos acusar o MP de ter esquecido o processo numa gaveta.
A
promotora Eliana Passareli, que assumiu o processo em 2009, explicou que a
principal dificuldade está em ouvir as 112 testemunhas de defesa.
Pois
é, mas dificuldade por que?
Teria
faltado apoio da cúpula do Ministério Público?
O
procurador-geral da República não quis dar declarações sobre o episódio?
Ou
será porque a justiça, neste caso, não estaria sendo leniente, quase cúmplice?
Nem
a mídia jamais fez pressão.
Não
interessava, porque não atingia o PT.
Se
houvesse investigação séria naquele momento, em 2007, talvez pudéssemos ter
evitado alguns dos problemas vividos na Petrobrás.
As
empreiteiras que tocavam as obras do metrô eram as mesmas flagradas, pela
Operação Lava Jato, pagando propina a diretores ou ex-diretores da Petrobrás.
Seus
comandos executivos eram os mesmos.
Possivelmente,
o modus operandi na relação com o governo de São Paulo e as estatais era o
mesmo.
TIJOLAÇO 29 de novembro de 2014 12:29
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 30.11.2014 05h26m
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