‘QUEM CRIOU O PROER
NÃO TEM MORAL PARA CRITICAR O PT’
Ao defender a MP 665, que torna mais rígido o
acesso ao seguro-desemprego, o senador Donizeti Nogueira (PT-TO) lembrou
do Proer, criado pelo ex-presidente FHC em 1995, que injetou R$ 30 bilhões do
Tesouro em bancos privados que depois faliram; "Quem implantou um programa
para socorrer o Banco Marka [Proer], através do vazamento de informações para
beneficiar os 'amigos', não tem moral pra vir aqui criticar o governo do PT,
que em 12 anos promoveu as maiores conquistas da história para a classe
trabalhadora brasileira", afirmou; "Será que já se esqueceram que o
salário mínimo não chegava a cem dólares e a inflação era de 13%, com juros de
26%?", questionou Donizeti
Citando o acordo bilateral de
US$ 53 bilhões assinado entre Brasil e China nesta semana, o senador Donizeti
Nogueira (PT-TO) fez nessa quarta-feira, 20, uma defesa contundente da Medida
Provisória 665, que muda as regras de concessão do seguro-desemprego, do abono
salarial e do seguro-defeso, cuja votação em plenário foi adiada para a próxima
terça-feira, 26.
Donizeti
Nogueira lembrou que o Brasil enfrentou sete anos de crise mundial sem gerar
desemprego e promovendo ganhos salariais aos trabalhadores, mas que no momento
o país precisa de uma medida corajosa para corrigir distorções como o
"jeitinho" do seguro desemprego.
Para o
petista, o PSDB "não tem moral" para criticar as medidas de ajuste
fiscal propostas pela presidente Dilma Rousseff. "Quem implantou um
programa para socorrer o Banco Marka [Proer], através do vazamento de
informações para beneficiar os 'amigos', não tem moral pra vir aqui criticar o
governo do PT, que em 12 anos promoveu as maiores conquistas da história para a
classe trabalhadora brasileira", afirmou Donizeti.
"Será
que 12 anos é tanto tempo assim, que se esqueceram da taxa de desemprego de
2002? Será que já se esqueceram que o salário mínimo não chegava a cem dólares
e hoje tem um ganho real expressivo dos trabalhadores e a inflação era de 13%,
com juros de 26%?", perguntou o senador, afirmando que o Brasil precisa de
ousadia.
Proer
O
Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional (Proer) é
fruto da Medida Provisória 1179, assinada pelo ex-governador Fernando Henrique
Cardoso em 3 de novembro de 1995. Entre 1995 e 2000, foram destinados, em
títulos de longo prazo, cerca de R$ 30 bilhões aos bancos brasileiros,
aproximadamente 2,5% do PIB, segundo informações do próprio ex-presidente.
Apesar disso, pesos pesados socorridos pela iniciativa decretaram falência,
como o Nacional, o Econômico, o Banorte, o Mercantil de Pernambuco e o
Bamerindus. Em valores não corrigidos, segundo o Banco Central, o Bamerindus
recebeu R$ 3,2 bilhões, o Econômico precisou de R$ 5,2 bilhões e o Nacional, de
R$ 5,8 bilhões.
Definido
posteriormente por alguns especialistas como uma cesta básica para os
banqueiros, o Proer foi um dos programas mais polêmicos e um dos principais
alvos de crítica do governo Fernando Henrique. Posteriormente, foi criada
inclusive a CPI do Proer na Câmara dos Deputados, a fim de investigar as
relações do Banco Central com o Sistema Financeiro Nacional. Alguns deputados
acusaram o programa de atender a um grupo restrito de bancos –181 instituições
sofreram intervenção, mas apenas sete fizeram parte do Proer.
MP 665
Após
mais de quatro horas de discussão, a votação da proposta ficou para a próxima
terça-feira, 26. A medida, que foi bastante criticada por parte dos
parlamentares, faz parte do pacote de ajuste fiscal adotado pelo governo para
equilibrar as contas do país.
A
principal mudança proposta no projeto é o aumento do tempo de trabalho que o
desempregado precisa comprovar para solicitar o seguro-desemprego. Além disso,
o texto proíbe usar esses mesmos períodos de salário recebido nos próximos
pedidos, o que dificulta o recebimento do benefício em intervalos menores, e
exige que o trabalhador desempregado frequente curso de qualificação
profissional para receber o seguro. A matéria muda também as regras de pagamento
do abono-salarial.
Relator
da proposta na comissão mista que a analisou, o senador Paulo Rocha (PT-PA)
lembrou que antes de apresentar o texto do projeto de lei de conversão, a
comissão realizou audiências públicas e debates com centrais sindicais, especialistas
e com representantes do Executivo. Reconhecendo que o governo errou ao mandar a
MP ao Congresso sem antes discuti-la com os trabalhadores, o senador disse
acreditar que teve sucesso em sua negociação e que o texto final atende à
necessidade de reajuste do governo, sem promover nenhuma perda aos
trabalhadores.
"Embora
concedamos que a economia precise passar por um ajuste, não poderia ser sobre
os direitos e os interesses dos trabalhadores. Assegurei, portanto, isso. Não
há nenhuma perda de direito dos trabalhadores, apenas correções das exigências
mais firmes, para que não haja desvios na conquista desses direitos. E
apontamos, portanto, as condições de o governo fazer o seu ajuste sem prejuízos
dos direitos dos trabalhadores", garantiu.
O
senador Lindbergh Farias (PT-RJ) anunciou seu voto contrário ao projeto. Ele
criticou a política econômica adotada pelo governo, que estariam retirando
conquistas obtidas pelos trabalhadores nesse período. "Nós podemos estar
caminhando em direção à recessão, e, na minha avaliação, essa política
econômica que junta um forte aperto fiscal por um lado, um outro aperto
monetário, pode nos levar a um caminho de aprofundar a recessão no nosso país.
Os primeiros números nós já começamos a sentir: aumento do desemprego, queda na
renda do trabalhador. Investimentos estão desabando", alertou.
Manifestantes
presentes nas galerias do Senado promoveram uma chuva de notas falsas de
dólares sobre o Plenário ao final do discurso do senador Humberto Costa
(PT-PE).
BRASIL 247 21 de maio de 2015 10h53m
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 21.05.2015 16h18m
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