JORNAL NACIONAL BLINDA
CUNHA EM SEU NOTICIÁRIO
Cobertura
dada pelo principal telejornal da Globo à investigação sobre o presidente da
Câmara, o deputado fluminense Eduardo Cunha (PMDB), é vergonhosa; naquele que
representou o fato político mais importante da semana, quando foi cumprido
mandado de busca e apreensão no gabinete da quarta pessoa na linha de sucessão
presidencial (a pedido do PGR Janot e com autorização do ministro Teori, do
STF), o JN inverteu o enfoque e colocou como protagonista da notícia não o
fato, mas a defesa de Cunha; diferente das denúncias contra petistas, viu-se
Bonner narrar um texto seco, sem infográficos e sem imagens; ao seguir no mesmo
caminho subterrâneo da revista Época, que tenta a todo custo criminalizar o
ex-presidente Lula, o JN sugere que essa é agora uma diretriz das Organizações
Globo para todos os seus noticiosos
Principal telejornal do País,
muito embora sua audiência esteja em franco declínio, o Jornal Nacional
escancara sem pudor sua parcialidade contra ou favor de entes políticos ou
doutrinas ideológicas. No sentido inverso ao tratamento espetacular que costumeiramente
dá às denúncias envolvendo o PT, a abordagem conferida à grave constatação de
que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tentou achacar uma empresa
fornecedora da Petrobras é de uma amabilidade suspeitíssima.
A colunista da Rede Brasil Atual Helena Sthephanowitz foi de uma
felicidade retumbante (e essa é certamente uma das razões da dèbacle do
telejornal global) ao analisar que o JN se comporta como uma assessoria de
imprensa de luxo do deputado fluminense (leia aqui).
A cobertura que o noticioso
comandado por William Bonner em relação à denúncia contra Cunha é vergonhosa.
Naquele que representou o fato político mais importante da semana, na
quarta-feira (6) foi cumprido mandado de busca e apreensão no gabinete do
presidente da Câmara. A diligência foi pedida por ninguém menos do que
oprocurador-geral da República, Rodrigo Janot, e autorizada pelo não menos
importante ministro Teori Zavascki, do STF, dentro do inquérito que investiga o
suposto envolvimento de Cunha na Operação Lava Jato.
Impressionantemente,
constata Helena, o Jornal Nacional inverteu seu enfoque: “Colocou como
protagonista da notícia não o fato, mas a defesa de Cunha, a começar pelo
título ‘Presidente da Câmara classifica busca de documentos desnecessária’. O
texto sucinto, bastante ameno, foi apenas lido batido pelo apresentador William
Bonner, sem infográficos explicativos que contextualizem os fatos, sem imagens
da operação de busca, sem declarações de viva voz de Cunha, nem de nenhum
membro do Ministério Público. Completamente diferente de como são noticiadas
outras ações da Operação Lava Jato quando os alvos foram pessoas ligadas ao
PT.”
Compreende-se
que o tratamento desequilibrado dado pelo JN às notícias, especialmente àquelas
que envolvem uma e outras tendências políticas, reflete uma orientação clara
das Organizações Globo para todos os seus veículos de notícia. Começou pela
revista Época, com sua tentativa insana de criminalizar o ex-presidente Lula.
Agora, decidiu orientar seu noticioso mais popular a abandonar a sutileza e
embarcar na completa desmoralização.
BRASIL 247 10 de maio de 2015 13h38m
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 10.05.2015 15h24m
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