RESSARCIMENTO DOS PLANOS DE
SAÚDE AO SUS PODE CHEGAR A R$ 360 MILHÕES ESTE ANO
ANS amplia controle sobre planos privados que
recorrem à rede pública para o atendimento. Resultados de 2013 e 2014 ultrapassam
o total que arrecadado nos 13 anos anteriores
por Akemi Nitahara, da Agência Brasil
Os valores ressarcidos ao Sistema
Único de Saúde (SUS) pelas operadoras de planos de saúde podem chegar a R$ 360
milhões este ano. Até o dia 30 de novembro, o montante já estava em R$ 335,74
milhões, valor 82% acima do total arrecadado em 2013, de R$ 183,2 milhões. Toda
vez que um beneficiário de plano de saúde usa a rede pública, a operadora do
plano é obrigada a ressarcir o preço do procedimento na tabela do SUS em uma
vez e meia. O valor é repassado ao Fundo Nacional de Saúde e usado em ações e
programas estratégicos do Ministério da Saúde.
Somados
os resultados de 2013 e 2014, o valor ultrapassa o total que foi arrecadado nos
13 anos anteriores de existência da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
responsável por fazer essa cobrança – de R$ 279,36 milhões.
De acordo
com a diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira, o aumento
na arrecadação é resultado da melhoria de procedimentos da própria agência.
"A gente teve uma melhoria muito grande no procedimento de trabalho. Tem
um marco, em 2011, que dá para ver isso, melhoramos a identificação das pessoas
[que utilizaram o SUS] e teve melhora no processo de trabalho interno",
disse.
O
diretor-presidente da ANS, André Longo, destaca que 600 operadoras que deixaram
de fazer o ressarcimento foram incluídas na Dívida Ativa da União. Elas devem
R$ 510,71 milhões desde 2011. "Estamos em um processo de aperfeiçoamento
contínuo, no sentido de fazer as cobranças legais que são devidas pelas operadoras.
A operadora pode reclamar, pedir impugnação, algumas não estão mais ativas.
Mas, chegando ao fim do processo, se ela não paga, fazemos a inscrição na
dívida ativa, elas passam a ter dificuldades, como não poder participar de
licitações. É uma penalidade."
Os dados
apresentados hoje (16) fazem parte do mapeamento inédito sobre o ressarcimento
ao SUS que foi entregue ao ministro da Saúde, Arthur Chioro. O ministro
destacou que o mapa permite à ANS trabalhar para garantir que as operadoras
tenham redes para atender os segurados. As informações também permitem que os
secretários municipais e estaduais de Saúde, além do próprio ministério, usem
as informações para conhecer melhor a rede de serviço de saúde destinada às
pessoas atendidas pelo SUS.
O mapeamento
aponta que, entre 2008 e 2012, foram registradas 1,22 milhão de internações na
rede SUS de pacientes de planos de saúde, o que corresponde a 1,7% do total de
57,43 milhões de internações no Sistema Única. Desse total, 68,46% são
procedimentos de urgência e emergência, sendo 96.223 partos normais, 72.291
partos cesáreos e 55.116 para tratamento de pneumonia ou gripe. As cirurgias
respondem por 38% do total. Para o ministro, a proporção é pequena.
"Nos
cinco anos analisados, o número de pessoas que têm planos de saúde e utilizou a
rede do SUS para internações é muito pequena, de apenas 1,7%; e 68% delas fazem
a utilização em situação de urgência, que mesmo assim precisa ser muito bem
avaliada. Esse restante que faz em uma situação eletiva, que não caracteriza
emergência, vai ter que ser analisado caso a caso, não só pela ANS, mas também
pela própria operadora de plano de saúde, pelos gestores do SUS, para entender
porque pessoas que têm plano de saúde estão ocupando o lugar, ainda que em
pequenas quantidades, que deveria ser ofertado exclusivamente ao SUS",
disse.
A ANS e o
ministério também anunciaram outras medidas para fortalecer a integração entre
os sistemas público e privado de saúde. A partir do dia 6 de janeiro, entra em
funcionamento o Protocolo Eletrônico do Ressarcimento ao SUS, que vai eliminar
o papel nos processos.
Também a
partir de 6 de janeiro, as operadoras terão seis meses para providenciar e
enviar aos beneficiários o número do Cartão Nacional do SUS, que vai facilitar
a identificação dos segurados de planos privados que usam a rede pública e
criar uma base de dados nacional para a gestão da assistência à saúde.
As
operadoras também terão que fornecer aos consumidores informações padronizadas
sobre os planos e os consumidores poderão consultar seus dados diretamente no
site da ANS, em que será possível corrigir as informações repassadas pelas
operadoras.
Para a
Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), o crescimento do
valor ressarcido ao SUS "não se deve ao aumento da busca por
serviços do sistema público por parte de beneficiários de planos de
saúde", mas sim à "maior celeridade no processamento dos dados da
Agência Nacional de Saúde Suplementar".
Aa
FenaSaúde afirma que as operadoras associadas seguem a legislação e oferecem redes
de atendimento com padrão de qualidade, não sendo necessário que o segurado
recorra ao SUS, mas isso pode ocorrer por "razões pontuais" como
conveniência por proximidade de casa ou do trabalho, resgates feitos pelo Corpo
de Bombeiros ou serviços não contratados do setor privado.
REDE BRASIL ATUAL 17 de dezembro de 2014 10:29
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 18.12.2014 04h58m
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