OBAMA,
EM ESPANHOL: “SOMOS TODOS AMERICANOS”
Presidentes dos EUA e de Cuba fazem anúncio
histórico ao revelar medidas de aproximação depois de 53 anos de ruptura
diplomática; "Começamos um novo capítulo nas histórias dessas duas nações
das Américas", disse Barack Obama, em discurso na Casa Branca; é preciso
"soltar as amarras do passado", acrescentou o presidente, que
prometeu conversar com o Congresso sobre a suspensão do embargo à ilha; Raúl
Castro disse reconhecer as "profundas diferenças" entre os dois
países, antes de completar: "Reafirmo nossa vontade de
dialogar"; serão abertas embaixadas nas respectivas capitais; Obama e
Castro discutiram ontem as mudanças em conversa telefônica que durou quase
uma hora
O presidente norte-americano,
Barack Obama, anunciou mudanças para normalizar as relações entre Estados
Unidos e Cuba nesta quarta-feira, dizendo que é hora de "soltar as amarras
do passado".
Em um
discurso na Casa Branca, Obama disse que o degelo nas relações após um
congelamento de cinco décadas está sendo feito depois que ele determinou que a
política "rígida" e ultrapassada não conseguiu ter um impacto sobre
Cuba.
"Hoje
estamos fazendo essas mudanças porque é a coisa certa a fazer. Hoje a América
escolhe se soltar das amarras do passado, de modo a alcançar um futuro melhor,
para o povo cubano, para o povo americano, para todo o nosso hemisfério, e para
o mundo", disse ele.
Em seu
discurso, o presidente norte-americano falou uma frase em espanhol: "Todos
somos americanos".
Obama
afirmou que a nova política vai tornar mais fácil as viagens de
norte-americanos a Cuba. Ele disse que também irá conversar com membros do
Congresso dos Estados Unidos sobre a suspensão do embargo dos EUA a Cuba.
O papa
Francisco contribuiu para a melhoria nas relações ao pressionar a libertação do
funcionário norte-americano Alan Gross, preso em Cuba, disse o presidente.
Obama agradeceu ao Canadá pelo papel que desempenhou ao sediar as negociações
entre EUA e Cuba.
O
presidente cubano Raúl Castro disse que reconhece que há "profundas
diferenças" entre os dois países, "fundamentalmente em matéria de
soberania nacional, democracia, direitos humanos e política exterior",
antes de completar: "reafirmo nossa vontade de dialogar sobre todos esses
temas".
Durante
a entrevista em que anunciou a retomada das relações entre EUA e Cuba, o irmão
de Fidel afirmou que seu colega americano Barack Obama "merece
respeito".
(Reportagem
de Steve Holland, Roberta Rampton e Jeff Mason)
Cuba liberta norte-americano
Alan Gross e abre caminho para mudança de relação com EUA
Por
Daniel Trotta e Matt Spetalnick
HAVANA/WASHINGTON
(Reuters) - Cuba libertou o trabalhador de ajuda humanitária norte-americano
Alan Gross após cinco anos de prisão, em uma reportada troca de prisioneiros
com Havana que os Estados Unidos disseram nesta quarta-feira que é um prenúncio
de uma revisão da política dos EUA em relação à Cuba.
Uma
autoridade dos EUA disse que Gross foi libertado por razões humanitárias. A CNN
relatou uma troca de prisioneiros que também teria incluído a libertação por
Cuba de uma fonte de inteligência dos EUA e a libertação pelos EUA de três
agentes de inteligência cubanos.
Gross,
um funcionário da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid,
na sigla em inglês) agora com 65 anos, foi preso em Cuba em 3 de dezembro de
2009, e depois condenado a 15 anos de prisão por importar tecnologia proibida e
tentar estabelecer um serviço clandestino de Internet para judeus cubanos.
Os EUA
e Cuba mantêm relações hostis há mais de meio século, e Obama deverá enfrentar
protestos em Washington e na comunidade de exilados cubanos em Miami por
libertar agentes de inteligência cubanos depois de 16 anos de prisão. A
libertação será comemorada como uma vitória por Raúl Castro.
A
recompensa para Obama foi a libertação de Gross, cujo advogado e familiares
descreveram-no como derrotado mentalmente, magro, mancando e sem cinco dentes.
Cuba
prendeu Gross em 2009 e, posteriormente, o condenou a 15 anos por tentativa de
estabelecer o serviço de Internet clandestino a judeus cubanos no âmbito de um
programa gerido pela Usaid. Seu caso levantou alarmes sobre a prática da Usaid
de contratação privada de cidadãos para que realizem missões secretas em
lugares hostis.
Cuba
considera a Usaid outro instrumento do contínuo assédio dos EUA contra a
revolução de 1959 que levou Fidel Castro ao poder em Cuba. Fidel se aposentou
em 2008, entregando o poder a seu irmão Raúl.
Os EUA
já disseram que querem promover a democracia na Cuba comunista, um Estado de
partido único que reprime opositores políticos e controla os meios de
comunicação. Autoridades norte-americanas acusaram Cuba de prender Gross como
uma manobra para conseguir a libertação de seus espiões.
Os três
agentes de inteligência cubanos, presos desde 1998, são Gerardo Hernandez, de
49 anos, Antonio Guerrero, 56, e Ramon Labañino, 51. Dois outros foram
libertados antes de cumprirem a sentença toda: Rene Gonzalez, 58, e Fernando
Gonzalez, 51.
MUDANÇA
NAS RELAÇÕES
O
chamado grupo dos Cinco Cubanos foi condenado por espionar grupos
anticastristas exilados na Flórida e pelo monitoramento de instalações
militares dos EUA.
Dois
deveriam ser libertados nos próximos anos, mas Hernandez, o líder, recebeu uma
sentença de dupla prisão perpétua por conspiração na derrubada de dois aviões
civis em 1996, matando quatro cubano-americanos.
A
libertação do norte-americano Gross pode ser a largada para um processo de
normalização das relações dos EUA com Cuba.
Um
assessor parlamentar sênior dos EUA disse que Obama vai aliviar o embargo
comercial e as restrições de viagens a Cuba.
Agentes de inteligência cubanos
voltam a Cuba, diz Raúl Castro
HAVANA (Reuters) - Três agentes de inteligência cubanos que passaram 16 anos em
prisões nos Estados Unidos retornaram a Cuba nesta quarta-feira como parte de
um troca de prisioneiros na qual Cuba libertou um funcionário norte-americano
que ficou cinco anos preso em uma prisão cubana, disse o presidente cubano,
Raúl Castro.
Raúl
disse ter falado com o presidente dos EUA, Barack Obama, por telefone na
terça-feira antes do anúncio feito por Obama de que os Estados Unidos mudarão
sua política em relação a Cuba e buscarão normalizar as relações com a ilha,
uma adversária de longa data dos Estados Unidos.
(Reportagem
de Daniel Trotta)
BRASIL 247 17 de dezembro de 2014 15:06
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 18.12.2014 04h46m
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