FOLHA: CUNHA 'ENLAMEIA' AS CPIS E O IMPEACHMENT
Em mais um duro editorial contra o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o jornal da família Frias o acusa de
colocar o Legislativo "a serviço de inconfessáveis objetivos
pessoais"; numa crítica que atinge também o PSDB, a Folha diz ainda ser
"espantoso que tantos no Congresso Nacional se disponham a secundá-lo"
Em
mais um duro editorial contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), o jornal da família Frias o acusa de colocar o Legislativo
"a serviço de inconfessáveis objetivos pessoais".
Numa crítica que atinge também o PSDB, a Folha diz ainda ser
"espantoso que tantos no Congresso Nacional se disponham a
secundá-lo". Leia abaixo:
Desconcerto
Bastou
um dia de sessão na Câmara dos Deputados para ficar evidente que o recesso
parlamentar não arrefeceu o confronto entre Legislativo e Executivo. Pior, o
conflito parece enveredar pela via arriscada do descontrole político e da
chantagem desabrida.
Nem
mesmo as decisões concertadas entre líderes partidários se mostram capazes de
pôr a Câmara nos trilhos do interesse nacional.
Após
intensas conversas, decidiu-se retirar da agenda o item da chamada pauta-bomba
que equipararia vencimentos na Advocacia-Geral da União e na Polícia Federal
aos vigentes no Judiciário. A trégua duraria três semanas, mas, em questão de
horas, o plenário derrubou o acordo dos líderes.
Há
duas hipóteses para explicar a confusa reviravolta; nenhuma é animadora. A
primeira: falta de controle dos próceres sobre as suas bancadas. A segunda: que
outra liderança –mais forte, mais influente e mais avessa aos trâmites
democráticos– esteja em ação.
Todas
as evidências apontam para o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Acossado pela
acusação de recebimento de propina, o presidente da Câmara multiplica
confirmações de sua prontidão para pôr a Casa a serviço de inconfessáveis
objetivos pessoais.
Como
um trator desgovernado, a bancada fiel a Cunha atropela e aleija não só o
esforço para equilibrar as contas do governo federal neste momento de crise
econômica. Também enlameia dois institutos valiosos para corrigir desvios nos
rumos do país, a saber, as comissões parlamentares de inquérito e o mecanismo
do impeachment.
As
CPIs são esgrimidas pela Câmara como vergonhoso instrumento de pressão. Há boas
razões para investigar o BNDES e os fundos de pensão associados ao governo
petista, mas não são elas que movem a abertura das comissões e a exclusão do PT
de sua direção.
O
objetivo dos parlamentares é acuar uma presidente fraca e impopular. Para
tanto, a Câmara de Cunha –com o apoio até do outrora comedido PSDB– não hesita
em brandir a ameaça do impedimento de Dilma Rousseff (PT).
O
impeachment é um recurso extremado da democracia para as raras situações em que
se torna necessário ejetar um governante legitimamente eleito. Requer sólida
comprovação jurídica de crime de responsabilidade, antes de mais nada, e depois
o consenso político de que o mandatário perdeu toda a condição de governar.
Nenhum
desses pré-requisitos está dado. Ao manobrar nos bastidores para que seus
colegas mantenham viva a chantagem e camuflem suas impressões digitais, Eduardo
Cunha dá mostras de que não mede as consequências de seus atos e maquinações para
a República –e é espantoso que tantos no Congresso Nacional se disponham a
secundá-lo.
Fonte: BRASIL 247 06 de agosto 2015 04h09m
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 06.08.2015 07h27m
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