LEVY SAIU-SE MELHOR QUE A ENCOMENDA
por Fernando Brito
Aproveitou o fato de ser apontado como “a
esperança do mercado” para deixar claro que o ajuste nas contas públicas não
será feito, como espera esta gente, nem com recessão, nem com o corte nos
gastos sociais do Governo:
“A gente tem capacidade de alcançar com um
impacto mínimo na economia e garantindo a continuidade de todos os programas
(sociais) que são essenciais. Eu não tenho muita dúvida sobre isso”.
E sinalizou que ”haverá ajustes” dos
tributos, como a gente havia mencionado , há mais de um mês, quando aqui se escreveu:
“Na minha modesta capacidade de previsão, a primeira
ação de Joaquim Levy será frear esta “reforma tributária” sem “reforma
tributária” representada pela renúncia fiscal do Governo Federal. Se houver
alguma desoneração, a partir de agora, será extremamente seletiva e avara”.
Hoje, as palavras do ministro sobre isso
foram estas:
“Não podemos procurar atalhos e benefícios que
impliquem em redução acentuada de tributação para alguns segmentos por mais
atraentes que elas sejam sem considerar seus efeitos na solvência do Estado”.
Tradução: redução de IPI, desonerações da
folha, alíquota zero na Cide e reduções de IOF, em princípio, deixam a pauta da
Fazenda.
Refis para inadimplentes? Não aparece no
horizonte de Levy e os escritórios de advocacia tributária se preparem para um
endurecimento grande nas brechas para a elisão fiscal e “planejamento
tributário”, dois primos da sonegação de impostos que costumam saltar das leis
e decretos.
No campo das despesas, podem escrever que
haverá um corte nas despesas de custeio dos Ministérios e demais entes da
administração. Há gordura para queimar neste quesito e é um problema em que,
pressionados ou não pelas estruturas internas, os dirigentes têm dificuldade de
enfrentar: negar passagens, diárias, prestadores de serviços terceirizados é
sempre penoso e difícil.
Deus sabe o que passei, no Ministério do
Trabalho, negando viagens, diárias, afastamentos com ônus, recepcionistas em
profusão e outros penduricalhos. Sem contar com aquelas tais
“divisões disso” do “departamento daquilo outro” sem razão de ser numa
máquina onde falta gente para o atendimento de ponta.
Ter a cobertura de “foi ordem da Fazenda” (e
do Planejamento, claro) é um santo remédio para estes cortes.
Chamo a atenção, por fim, para a
declaração feita hoje pelo Ministro:
“O equilíbrio fiscal em 2015… será fundamento
de um novo ciclo de crescimento, assim como a responsabilidade fiscal
exercitada na primeira metade da década dos anos 2000 foi condição
indispensável para o Brasil ter sucesso na política de inclusão social de
milhões de brasileiros”.
Esta é a equação que Dilma pediu a Joaquim
Levy para ajudar a resolver.
Dilma precisa dos resultados que Levy pode
ajudar a trazer. Mas Levy sabe que, para isso, precisa mostrar o mais completo
alinhamento com as prioridades de Governo
Porque, como disse no título do post de
novembro passado, “cofre não faz necessariamente política social mas,
vazio, a arruina”.
TIJOLAÇO 05 de janeiro 2015 às 22:14
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 08.01.2015 10h27m
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