ENTENDA O PROJETO QUE REGULAMENTA AS TERCEIRIZAÇÕES
O Congresso brasileiro aprovou um projeto de
lei que regulamenta e amplia a terceirização por empresas privadas e órgãos
públicos.
Com isso, as empresas e o governo poderão contratar terceiros
para executar uma etapa de produção ou prestar um serviço, desde que seja
especializada naquela atividade.
Controverso, o Projeto de Lei 4330/2004
gerou protestos de entidades sindicais. Ele tramita na Câmara dos Deputados
desde 2004 e vem sendo discutido desde 2011. Após aprovado pela Câmara, será
enviado ao Senado.
Principal
ponto
Um dos principais pontos do projeto é a
possibilidade da contratação de funcionários terceirizados para executar atividades-fim
da empresa. Até agora, as empresas só podem terceirizar atividades-meio. Por
exemplo: uma empresa que produz carros só podia terceirizar a limpeza e o
serviço de alimentação de seus funcionários, mas não a montagem dos automóveis.
O PL 4330 muda a relação entre as empresas
que contratam serviços terceirizados e os funcionários das empresas
contratadas. Hoje, a contratante e contratada são acionadas na Justiça pelo
funcionário que pleiteia seus direitos, como o depósito do FGTS e da Previdência,
bem como horas extras e o não pagamento do salário.
Segundo o projeto de lei, o funcionário
somente poderá processar a contratante depois de já ter esgotado todos os meios
legais para cobrar seus direitos da contratada.
Contribuição
sindical
É também uma das principais polêmicas, já
que envolve o dinheiro da contribuição dos funcionários aos sindicatos. Segundo
o projeto de lei, a contribuição sindical deverá ser paga ao sindicato da
categoria correspondente à atividade do terceirizado e não ao da empresa contratante.
Para o trabalhador, não mudará nada. Porém, isso poderá enfraquecer os
sindicatos ligados à indústria e fortalecer os ligados às prestações de
serviço.
Direitos
dos trabalhadores
A empresa que contrata os serviços poderá
estender aos terceirizados os benefícios que oferece aos seus próprios
empregados. Os funcionários terceirizados só podem entrar em serviço após
receberem treinamento e, ainda, não poderão ser deslocados para outras funções
ou tarefas que não estiverem descritas no contrato.
Terceirização
em empresas públicas
De acordo com o projeto, todas as esferas
do serviço público poderão ampliar a terceirização de funcionários. Porém,
esses funcionários não poderão exercer atividades específicas do Estado, como a
fiscalização e regulamentação. A contratação não poderá ser feita por meio de
pregão caso a mão de obra, no serviço pretendido, superar 50% do valor total
contratado.
O que
dizem os críticos
Críticos da proposta afirmam que os
direitos dos trabalhadores poderão sofrer retrocessos caso o ponto principal
seja aprovado, já que um empregado contratado para prestar um serviço não
estará coberto pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT)
afirma que, se o PL for votado como está, a precarização nas relações de
trabalho será indiscriminada no Brasil, afetando milhões de trabalhadores e
abrindo caminho para que outros tantos sejam prejudicados.
O que
dizem os defensores
Os defensores da lei dizem que a aprovação
deve aumentar a formalização dos empregados e acabar com a insegurança jurídica
em relação aos profissionais terceirizados. Eles alegam que há muitos
terceirizados que ainda estão na informalidade. Para a Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp), três milhões de vagas poderão ser gerados com a
aprovação do projeto.
Autor: Fernando Caulyt
Edição: Rafael Plaisant
ESTADÃO 08 de abril 2015 21h00m
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 09.04.2015 08h10m
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