OUTRAS BOMBAS QUE PODEM ESTOURAR NO COLO DE TEMER
Caso Jucá é o
primeiro escândalo do novo governo. O afastamento dele não significa que o
presidente interino tenha se livrado de todas as suas potenciais encrencas
Por Jean-Philip
Struck - DEUTSCHE WELLE
A queda do ministro do Planejamento, Romero
Jucá, marcou o primeiro grande escândalo do governo do presidente interino
Michel Temer, que ocupa o cargo há menos de duas semanas.
Aliados de Temer e setores da imprensa
brasileira já haviam advertido que Jucá era uma bomba esperando para estourar.
Mesmo antes da divulgação do grampo que provocou sua queda, a lista de
problemas dele com a Justiça – incluindo seis inquéritos no Supremo Tribunal
Federal (STF) – já era conhecida.
A saída de cena de Jucá, no entanto, não
significa que o governo Temer tenha se livrado de todas as suas potenciais
bombas. Confira abaixo outros personagens enrolados que ainda podem criar
problemas para o presidente interino.
Henrique
Eduardo Alves
O ministro do Turismo, Henrique Eduardo
Alves, é considerado um aliado próximo de Temer. No momento, é alvo de dois
pedidos de inquérito na Operação Lava Jato. Em dezembro, seu apartamento foi
vasculhado por agentes da Polícia Federal. Mensagens de celular mostraram que o
deputado Eduardo Cunha cobrou de Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira
OAS, repasses à campanha de Alves ao governo do Rio Grande do Norte. Outras
mensagens, enviadas pelo próprio Alves, despertaram a suspeita de que ele atuou
a favor da empresa em tribunais.
Geddel
Vieira Lima
O ministro da Secretaria de Governo, Geddel
Vieira Lima, também apareceu em mensagens do celular de Léo Pinheiro. Ainda não
há um inquérito específico contra o ministro, mas os investigadores suspeitam
que ele pode ter usado sua influência para atuar em favor da OAS dentro da
Caixa (onde ocupou a vice-presidência) e em outros órgãos. No início dos anos
2000, o ex-presidente Itamar Franco chamou Geddel de "percevejo de
gabinete" – um político que busca se aliar com outras administrações para
conseguir cargos.
Outros
membros do governo
Dois nomes do núcleo duro de Temer, Moreira
Franco (assessor especial) e Eliseu Padilha (ministro da Casa Civil) também
aparecem em investigações envolvendo Léo Pinheiro e foram citados na delação do
ex-senador Delcídio do Amaral. Outros seis ministros – Mendonça Filho
(Educação), José Serra (Relações Exteriores), Raul Jungmann (Defesa) Ricardo
Barros (Saúde), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário) e Bruno Araújo
(Cidades) – aparecem na superplanilha da Odebrecht apreendida na casa de um
ex-executivo da empresa
André
Moura
Eleito na semana passada líder do governo na
Câmara dos Deputados, Moura (PSC-CE) aparece como réu em três ações penais e é
investigado em dois inquéritos no STF. Em um dos inquéritos, ele aparece como
suspeito de uma tentativa de homicídio; no outro, seu nome está ligado ao
escândalo do Petrolão. Partidos aliados, como o DEM e o PSDB, queriam outro
deputado para o cargo, mas tiveram que engolir a vitória de Moura. O presidente
interino não fez esforços para reverter o resultado.
Cúpula
do PMDB no Senado
O caso Jucá evidenciou que Sérgio Machado,
ex-diretor da Transpetro, está negociando um acordo de delação premiada.
Machado é um velho protegido da cúpula do PMDB no Senado e deve sua indicação
ao presidente da casa parlamentar, Renan Calheiros. Ele também é considerado
próximo de Edison Lobão e Jader Barbalho. A imprensa brasileira especula que
Machado pode ter gravado diálogos com outros senadores além de Jucá, algo que
pode atingir em cheio vários caciques do partido do presidente interino.
Baleia
Rossi
Escolhido na semana passada para ser o novo
líder do PMDB na Câmara, o deputado Baleia Rossi (SP) foi citado na Operação
Alba Branca, que investiga desvios em contratos para o fornecimento de merendas
para escolas de São Paulo. Em delação premiada, o vice-presidente de uma
cooperativa que fornecia alimentos disse ter ouvido que valores desviados das
prefeituras de Ribeirão Preto e Campinas foram repassados à campanha de Rossi.
Fonte: DEUTSCHE WELLE 25 de maio de 2016
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 25.05.2016 05h55m
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