EX-GERENTE
DA PETROBRAS DIZ TER RECEBIDO PROPINA DESDE 1997
O
delator Pedro Barusco afirmou que desde o governo de Fernando Henrique Cardoso recebia
propina que variavam de US$ 25 a US$ 50 MIL
O ex-gerente Executivo de Engenharia da Petrobrás, Pedro
Barusco, afirmou em sua delação premiada que o esquema de propinas da estatal
começou com o primeiro contrato de navio-plataforma com a holandesa SBM
Offshore, em 1997, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O
delator admitiu que, naquela época, recebeu propinas mensalmente em valores
variavam entre US$ 25 e US$ 50 mil, e que teria recebido um total de US$ 22
milhões em propinas da empresa holandesa até 2010.
Entre 1995 e 2003, Barusco, que era
funcionário de carreira da estatal, ocupou o cargo de gerente de Tecnologia de
Instalações, no âmbito da diretoria de Exploração e Produção. Ele admitiu que
começou a receber propina em "1997 ou 1998", "por conta de dois
contratos de FPSO (navios-plataforma) firmados mediante sua (de Barusco)
participação técnica e 'fundamental', uma vez que era o coordenador da área
técnica", diz a delação.
O ex-gerente relata que foi o responsável
pelo primeiro contrato do tipo na estatal, que foi "peça fundamental"
dos contratos seguintes de navios-plataforma da Petrobrás, pelos quais ele
também admite ter recebido propina. "Por conta de relacionamento bastante
próximo que o declarante (Barusco) desenvolveu com o representante da SBM, Julio
Faerman, tanto o declarante solicitou quanto Julio ofertou o pagamento de
propina, sendo uma iniciativa que surgiu de ambos os lados e se tornou
sistemática a partir do segundo contrato de FPSO firmado entre a SBM e a
Petrobrás", relata a delação de Barusco.
Em seu extenso depoimento, o
executivo detalhou as contas por onde o dinheiro das propinas da SBM
passou, sendo guardado na Suíça.Barusco explicou que os acordos eram de longa
duração e que, por isso "o pagamento de propinas perdurou por longos anos"
enquanto ele ocupou o cargo na Diretoria de Exploração e Produção. Além disso,
ele também admitiu ter recebido propina "por ocasião de um outro contrato
firmado entre a empresa Progress, representada por Julio Faerman e a
Transpetro", em "1997 ou 1998".
Ainda segundo Barusco, as propinas
acertadas entre ele e Julio Faerman continuaram nos anos seguintes, quando ele
já havia ocupado o cargo de gerente-executivo de Engenharia, na diretoria de
Abastecimento de Paulo Roberto Costa. Ele admitiu ainda ter recebido propina de
Faerman por um contrato de 2007, já no governo Lula, da plataforma P57. O valor
total do contrato, segundo o ex-gerente, era de R$ 1,2 bi, do qual ele admitiu
ter recebido 1% de propina entre 2007 e 2010.
Investigada na Holanda, a SBM Offshore,
empresa de locação de navios-plataforma a petroleiras, é acusada de pagar US$
250 milhões em propinas em todo mundo. A empresa chegou a admitir ter pago
propinas no valor de US$ 139 milhões para obtenção de contratos e informações
privilegiadas da Petrobrás. O caso também está sendo investigado pelas
autoridades brasileiras e a GCU apura o envolvimento de seis funcionários da
estatal no esquema.
COM A
PALAVRA, A DEFESA:
O criminalista Antônio Sérgio de Moraes
Pitombo, que defende o executivo Julio Faerman, representante da SBM Offshore,
disse que não poderá se manifestar sobre a delação de Pedro Barusco porque ela
está inserida em um procedimento que corre sob sigilo. Pitombo anotou que tem o
compromisso profissional de preservar o sigilo dos autos em que Barusco cita o
episódio da SBM Offshore.A reportagem entrou em contato com a assessoria do
Instituto FHC, e foi informada que o ex-presidente estava viajando.
MSN 06 de fevereiro 2015
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 06.02.2015 08h59m
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