MINISTROS DO TST DEFENDEM MANUTENÇÃO DA CLT
Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST) divulgaram
nesta segunda, 13, manifesto em que defendem a manutenção das regras
trabalhistas e criticam o uso da crise para a defesa da retirada de direitos; grupo
critica a proposta de abolir as regras hoje existentes e delegar as relações
capital-trabalho para o campo puro e simples da negociação; "Muitos
aproveitam a fragilidade em que são jogados os trabalhadores em tempos de crise
para desconstruir direitos, desregulamentar a legislação trabalhista,
possibilitar a dispensa em massa, reduzir benefícios sociais, terceirizar e
mitigar a responsabilidade social das empresas"
Ministros do Tribunal Superior do Trabalho divulgaram nesta
segunda, 13, manifesto em que defendem a manutenção das regras trabalhistas e
criticam o uso da crise para a defesa da retirada de direitos.
Assim, contrariam o
presidente do Tribunal, Ives Gandra da Silva Martins Filho, empossado em
fevereiro, que tem defendido a mudança e a flexibilização das regras. Gandra
cita a crise como uma razão para isso.
É possível notar, em
determinado trecho do documento, que os ministros reivindicam também um melhor
orçamento para o Tribunal. Mas as afirmações vão além de uma pauta corporativa.
Eles lembram a importância das regras, e portanto, da CLT (sem citá-la
diretamente) para a reparação de trabalhadores e trabalhadoras:
"A Justiça do
Trabalho (...) é reconhecida por sua atuação célere, moderna e efetiva,
qualidades que muitas vezes atraem críticas. Nos últimos dois anos (2014-2015),
foram entregues aos trabalhadores mais de 33 bilhões de reais em créditos
trabalhistas decorrentes do descumprimento da legislação, além da arrecadação
para o Estado Brasileiro (entre custas e créditos previdenciários) de mais de 5
bilhões de reais", diz o documento assinado, entre outros os ministros
Kátia Magalhães de Arruda, José Roberto Freire Pimenta, Walmir da Costa,
Alexandre Agra Belmonte, Cláudio Mascarenhas Brandão, Alberto Bresciani.
Em seguida, os ministros
reconhecem que a realidade produtiva brasileira mudou bastante desde que as
atuais regras foram criadas. Mas ressaltam que a miséria, o trabalho escravo e
explorações de todo o tipo permanecem, a despeito dos avanços tecnológicos. E
atacam:
"Muitos aproveitam
a fragilidade em que são jogados os trabalhadores em tempos de crise para
desconstruir direitos, desregulamentar a legislação trabalhista, possibilitar a
dispensa em massa, reduzir benefícios sociais, terceirizar e mitigar a responsabilidade
social das empresas".
Em outro trecho,
criticam a proposta de abolir as regras hoje existentes e delegar as relações
capital-trabalho para o campo puro e simples da negociação. O texto afirma que
a proposta deturpa o princípio constitucional da negociação, consagrado no
caput do artigo 7 da Constituição, "que é o de ampliar e melhorar as
condições de trabalho". E não, portanto, de reduzir direitos.
O mesmo trecho lembra
que a relação entre os dois campos é extremamente desigual – e na citação não
se deixa de entrever uma crítica ao movimento sindical: "É importante
lembrar que apenas 17% dos trabalhadores são sindicalizados e que o salário
mínimo no Brasil (7ª economia do mundo) é o menor entre os 20 países mais
desenvolvidos, sendo baixa, portanto, a base salarial sobre a qual incidem a
maioria dos direitos".
Partindo para a
conclusão, o manifesto alerta: "O momento em que vivemos não tolera
omissão! É chegada a hora de esclarecer a sociedade que a desconstrução do
Direito do Trabalho será nefasta sob qualquer aspecto: econômico (com
diminuição dos valores monetários circulantes e menos consumidores para
adquirir os produtos oferecidos pelas empresas, em seus diversos ramos,);
social (com o aumento da precarização e da pauperização); previdenciário (...);
segurança (...); político (pela instabilidade causada e consequente repercussão
nos movimentos sociais); saúde pública, entre tantos outros aspectos".
O secretário nacional de
Assuntos Jurídicos da CUT, Valeir Ertle, destaca que os 19 ministros que
assinam esse manifesto são os mesmos que se posicionaram contra o projeto da
terceirização total. Lembra que, em março, as centrais se reuniram com Gandra e
refutaram a tese da prevalência do negociado sobre o legislado, proposta pelo
presidente do TST. "Ele é um aliado do Temer, e quer ajudar a encaminhar a
visão do empresariado e passar a conta para os trabalhadores", analisa.
Fonte: BRASIL 247 13 de junho de 2016 17h32m
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 13.06.2016 18h22m
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