JOSÉ AGRIPINO FOI SÓCIO DE
GRANDE EMPREITEIRA INVESTIGADA NA LAVA JATO
De acordo com a revista Istoé, José Agripino foi
sócio cotista da EIT até agosto de 2008. E mais: nas eleições de 2010, o
senador recebeu R$ 550 mil de doação da empreiteira
Na declaração de bens apresentada
à Justiça federal em 2002, o senador José Agripino Maia (DEM-RN) era sócio da
Empresa Industrial Técnica (EIT). A empreiteira é investigada na Operação Lava
Jato. A Petrobras até incluiu a empresa entre as "impedidas de
contratar" enquanto procede as investigações.
Agripino
só foi candidato nos últimos tempos em 2002 e 2010, já que o mandato de senador
dura oito anos e ele não disputou nenhuma eleição no meio do mandato. Da
declaração de 2002 constava um vasto patrimônio em imóveis, veículos,
aplicações financeiras e participações em empresas, incluindo a referida
empreiteira e uma concessionária de pedágios. Em 2010, segundo os dados do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele declarou não possuir nenhum bem. Nem veículo
próprio, nem apartamento de morada, e nem mesmo saldo bancário.
Poderia
ter transferido os bens para o filho, mas a declaração de seu filho, deputado
federal Felipe Maia (DEM-RN) ao TSE em 2010, também não mostra nenhum bem, com
patrimônio zero. Felipe disputou as eleições de 2014 e seu patrimônio que havia
sumido voltou a aparecer, totalizando mais de R$ 15 milhões, saindo da condição
de deputado mais pobre em 2010, se considerarmos os bens declarados, para o
deputado mais rico do Rio Grande do Norte nas eleições de 2014.
Em 20 de
dezembro de 2013, a Polícia Federal iniciou investigação para comprovar
se Agripino favoreceu a EIT em obras públicas no Rio Grande do
Norte.
A revista Istoé publicou
em 2013 uma matéria sobre investigação da
Polícia Federal baseado em denúncia de que o senador José Agripino, presidente
nacional do DEM, teria utilizado sua influência para fazer o Executivo estadual
favorecer a EIT com contratos milionários, e citou as obras do Contorno de
Mossoró como uma das fontes de renda pública para a empresa. Porém, essa não é
a única obra de mobilidade nas mãos da empresa, que teve Agripino como sócio
(segundo a revista). A EIT também é responsável pela construção do acesso do
aeroporto de São Gonçalo do Amarante.
Segundo o
Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Rio Grande do Norte, a vencedora
do certame licitatório para a construção dos acessos foi a Queiroz Galvão. No
entanto, ela desistiu da obra, fazendo com que a segunda colocada na licitação,
EIT, assumisse a responsabilidade da entrega, mesmo com o fato de o contrato de
financiamento com a Caixa Econômica Federal ter sido assinado no dia 1º de
abril, quando já não havia mais os 24 meses necessários para a execução da
obra. Restavam apenas 11 meses.
Segundo o
DER, nessa situação, a segunda colocada de pronto aceitou a proposta. A ordem
de serviço foi assinada em 6 de abril, mas a obra só começou de fato em agosto.
Até novembro, haviam sido executados o desmatamento e a terraplanagem da área.
Ainda deve ter início a construção da base e do asfalto dos acessos.
O “tráfico de influência”, praticado pelo presidente nacional do
partido, é mais um item para uma série de suspeitas de irregularidades
eleitorais que teriam a governadora Rosalba Ciarlini como personagem. Além
desta, a própria IstoÉ mostra o “desengavetamento” de uma
investigação sobre caixa 2 na campanha eleitoral de 2006. Isso, sem contar com
a recente condenação de Rosalba por usar a máquina pública estadual para
favorecer a candidatura da prefeita de Mossoró, Cláudia Regina.
Ainda de acordo com a revista Istoé,
José Agripino foi sócio cotista da EIT até agosto de 2008. E mais: nas eleições
de 2010, o senador recebeu R$ 550 mil de doação da empreiteira. “Empresa
privada, a EIT é o terceiro maior destino de recursos do estado nas mãos de
Rosalba. Perde apenas para a folha de pagamento e para crédito consignado. Só
este ano foram R$ 153,7 milhões em empenhos do governo, das secretarias de
Infraestrutura, Estradas e Rodagem e Meio Ambiente”, aponta a revista.
Nem na
crise financeira, que fez o governo do Rio Grande do Norte atrasar pagamento a
fornecedores e, até mesmo, aos servidores estaduais (que passaram a receber de
forma escalonada) e os gastos com a Saúde, a EIT deixou de receber. O governo
afirma que não tinha dinheiro essas despesas básicas, mas gastava milhões nas
obras do Contorno de Mossoró, empreendimento tocado pela EIT.
Quando
era recém-formado em engenharia, antes entrar diretamente na política, José
Agripino trabalhou na empreiteira EIT, da qual se tornou sócio mais tarde.
O currículo do senador e presidente do DEM indica:
-
Engenheiro-chefe de Obras EIT - Empresa Industrial Técnicas S/A (1969/ 72).
- Gerente
regional da EIT - Empresa Industrial Técnica S/A, para os estados da Bahia,
Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba (1972/ 75).
Gerente
regional, cuidando de obras no Nordeste, deve ter-lhe dado experiência no trato
com licitações e contratos públicos. Nessa época em que atuava do lado da
empreiteira, o pai, Tarcísio Maia, era ligado ao General Golbery do Couto e
Silva, e foi indicado (sem eleições diretas) governador do Rio Grande do Norte
(início do governo em 1975).
Seu tio,
Lavoisier Maia, também era outro político influente da dinastia Maia, e sucedeu
o pai de Agripino no governo potiguar. Ao tomar posse como governador nomeou Agripino
prefeito de Natal.
Porém,
mesmo político, Agripino, ocupando cargos de prefeito, governador e senador,
virou acionista da empreiteira.
BRASIL 247 28 de fevereiroo 2015 13h54m
Adaptado pelo Blog do SINPROCAPE 02.03.2015 07h11m
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